quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Fidel Castro saqueou Angola e torturou angolanos

Fonte:Club-k

Brasil - Militante de esquerda, simpatizante do PC do B, o escritor angolano Nelson Pestana foi preso político em Angola. Ele conta que a tortura era feita pelo Exército cubano. Segundo ele, Fidel dilapidou o patrimônio de Angola, roubando até fábricas que eram levadas para Cuba. O exército cubano chegou a estuprar mulheres


DEPOIMENTO DE NELSON PESTANA, ESCRITOR ANGOLANO DE ESQUERDA

O papel de Cuba em Angola, do meu ponto de vista foi um papel de potência de segundo grau e de colonização. Os cubanos representaram um mercenarismo de Estado. Da mesma maneira que houve a intervenção de outros exércitos, como o sul-africano e o zairense, por parte dos outros movimentos de libertação, Cuba interveio para apoiar o MPLA. E interveio como força expedicionária que se apropriou da riqueza nacional, inclusive porque os cubanos, a uma determinada altura, mandavam no país. Os angolanos eram marionetes nas mãos dos cubanos. O poder angolano de Agostinho Neto dependia da força expedicionária cubana. Tanto é assim que, quando houve uma cisão dentro do MPLA e há um golpe de Estado em 27 de maio de 1977, esse golpe é controlado pelos cubanos, que estão do lado de Neto. São os cubanos que reprimem a tentativa de golpe de estado dessa corrente do MPLA, que era comandada por Nito Alves e que tinha o apoio da União Soviética. Os cubanos tinham interesses próprios, como potência regional de segunda ordem, e, nesse caso, ficaram em lado oposto aos soviéticos.

A intervenção em Angola trazia um desafogo para a própria economia cubana. O internacionalismo é discurso de propaganda. Os cubanos eram pagos e bem pagos, inclusive os soldados, não era só o pessoal civil que era pago. Lembra-me que, numa determinada altura, cada soldado cubano custava mil dólares para Angola, por mês. Era uma fatura muito elevada. O internacionalismo era apenas um discurso de legitimação. Essas quantias em dólares pagas aos cubanos deram um desafogo à economia de Cuba, que estava extremamente estrangulada na altura em que eles fizeram a intervenção em Angola. Daí os interesses diferentes de cubanos e soviéticos. Cuba apoiou Neto porque ele dava maior garantia aos cubanos de permanência no país. Cuba chegou a ter 60 mil pessoas em Angola, entre soldados e civis. Não eram os angolanos que diziam: "Agora, precisamos de 20 médicos". Cuba que mandava 30 médicos. Angola tinha que os aceitar e lhes pagar os salários, além de comprar todo o material que era operado pelos cubanos. Inclusive, antes de Angola estruturar sua própria força repressiva, os cubanos é que torturavam diretamente os angolanos.

Os cubanos são idolatrados como internacionalistas, sei que na América Latina eles têm essa imagem, mas, pelo lado da população angolana, eles são vistos como força de intervenção. Eles tiveram as práticas de todas as forças de intervenção, como violação de mulheres, apropriação de fábricas completas. Os cubanos, normalmente, eram os primeiros que chegavam às cidades desertadas pelas forças sul-africanas e de outros movimentos de libertação. Então, os cubanos se apropriavam de tudo aquilo que lhes interessava. Conta-se, inclusive, uma anedota, que acho que tem a ver com a realidade, que, numa primeira viagem de Estado que Agostinho Neto fez a Cuba, ele levou vários ministros, entre eles o ministro da Justiça, que teve a surpresa de ver, em Havana, o carro que lhe tinha sido roubado em Havana. Muitos carros circulavam em Havana com a matrícula "MP", que significava "matrícula pedida". Eram carros roubados em Angola, levados para Cuba e, depois, matriculados com uma nova chapa cubana. Mas não foram só carros. Foram roubadas até fábricas. Eram desmontadas as fábricas, postas em barcos e levadas para Cuba, assim como clínicas e hospitais.

Os cubanos fizeram uma depredação histórica em Angola, não só porque arrancavam coisas para levar para Cuba, mas também porque quebraram monumentos, alegando que eram alusivos ao colono. E a depredação dos cubanos não foi só na retirada deles, mas assim que chegaram. Era uma depredação organizada. Por exemplo, em Cabinda, que é uma região de floresta, que tem madeiras preciosas, eles cortavam a madeira, punham nos barcos e levavam, simplesmente não pagavam impostos, não pagavam a madeira, não pagavam nada. Faziam uma exploração da madeira, por conta própria, sem qualquer autorização ou acordo entre Cuba e Angola. Os cubanos destruíram a produção de cana-de-açúcar em Angola. Os cubanos comandaram, durante muito tempo, a marinha mercante angolana, e fretavam barcos para servirem à sua própria marinha mercante. E nós pagávamos frete de barcos cubanos que serviam à sua marinha mercante.

Eles fizeram imensas coisas. Há coisas que já estão sendo mais ou menos relatadas por cubanos dissidentes. De qualquer maneira, os cubanos não saíram totalmente de Angola. Saíram as tropas. Muitos deles converteram-se em negociantes e continuam em Angola, com lojas de comércio externo, clínicas, entre outros negócios. Alguns deles são uma força de reserva do próprio regime, porque um general que vira comerciante é sempre general. Há bem pouco tempo, o presidente angolano José Eduardo dos Santos visitou Cuba para um novo incremento da colaboração militar com Cuba. Apesar dos pesares, não temos uma atitude revanchista em relação aos cubanos. Naquilo que eles forem interessantes para Angola, conversamos muito bem, pode haver colaboração com Cuba.

Deixe me dizer que conheci Cuba, em 1981, e o que mais me chocou em Cuba foi o racismo contra os negros, pior do que no Brasil, mas como é uma revolução socialista, fala-se muito de Guevara, esconde-se muito isso. A guerra em África, tanto em Angola como na Etiópia, serviu, também, um bocado à comunidade negra cubana para a sua afirmação, para a sua promoção social, porque não se viam generais negros no Exercito cubano. Passou a haver numa determinada altura, porque a intervenção em África fez com que o discurso de Fidel incidisse sobre a recuperação das raízes africanas cubanas e isso motivou certa promoção da comunidade negra cubana. Há muito tempo que não vou a Cuba, mas, em 1981, quando estive lá, havia um racismo declarado em Cuba, a ponto de um branco não dançar com uma negra. E de eu me interessar por uma mulher que, nas circunstâncias, era negra e ela perguntar-me se eu efetivamente gostava dela, porque achava que um indivíduo com a minha pigmentação não poderia se interessar, de maneira nenhuma, por uma mulher de pele escura. Porque em Cuba havia essa separação, a separação das raças. Eu tinha companheiros cubanos desportistas que não dançavam num baile com brancas, porque se fossem pedir para dançar, elas não aceitavam porque eles eram negros. É um racismo que se pode encontrar mesmo nos textos do José Martí, quando ele fala no nosso "irmão mais novo", o negro, numa atitude paternalista, que é, também, uma forma de racismo.

Costumo dizer aos meus amigos brasileiros, alguns com militância no PT, que Fidel Castro, moralmente, está uns pontos abaixo de Pinochet. Porque Pinochet era um ditador, mas, hoje, pôs a sua cadeira à disposição de um referendo. Fidel Castro, apesar de ter sido aconselhado a fazer o mesmo, até para renovar a sua legitimidade, nunca o fez e continua a manter uma ditadura das mais retrógradas. Mas eu costumo dizer aos meus amigos brasileiros que o nosso ditador é sempre mais simpático que o ditador do outro. O Pinochet era o ditador da direita e, por isso, é aquela besta que reprimiu a república, que matou Allende. Sabemos disso e tenho muito respeito por essa resistência, mas eu vi um resistente do Chile a ir buscar o Pinochet em Londres, para que ele não fosse julgado por Baltazar Garzón. E ele explicava que a democracia tinha sido negociada com esse ditador, que decidiu renunciar ao poder porque perdeu um referendo.

Não tenho simpatia nenhuma por nenhum tipo de ditador, mas, como homem de esquerda, embora de uma esquerda democrática, que não aceita nenhuma forma de coação sobre as liberdades individuais e coletivas, não posso me identificar com um ditador como Fidel Castro. Eu me identifico mais com aqueles a quem ele chama de vendilhões da pátria, que são esses movimentos da sociedade civil que apenas têm a fragilidade de seus corpos para opor ao regime brutal de Fidel Castro. E é um regime verdadeiramente brutal. Não é por acaso que alguns intelectuais de esquerda que até há pouco tempo o apoiavam cortaram relações com ele. O último caso foi o do escritor José Saramago, que escreveu aquela célebre carta aberta.

Conheci Cuba e não vi as grandes conquistas do socialismo que eles vendem. Mas, mesmo que houvesse essas grandes conquistas do socialismo, nada justifica a opressão sobre as pessoas. Não é por um prato de arroz que um ditador qualquer tem direito a impor uma ditadura como a de Fidel Castro. Por isso, acho que o PT teria muito a ganhar demarcando-se desse tipo de ditadura, a não ser que ele concorde com uma política de dois pesos e duas medidas: por um lado, o PT que fez um percurso de 20 anos de luta e chegou ao poder pela legitimidade do voto popular; por outro, o PT que apóia Fidel Castro, um dinossauro que não tem legitimidade nenhuma.

Fidel não aceita pôr o seu poder ao referendo da população cubana, porque acha que isso é invenção do ianque. Mas não é. Ele pode organizar as manifestações que quiser, com a população que quiser, para dizer que aqueles ativistas cívicos cubanos que lutam pela liberdade do país não representam ninguém. Mas Ceaucescu, na Romênia, também tinha eleições com 90 por cento de aprovação, mas, de um dia para o outro, caiu e nós depois vimos o que era efetivamente esse poder. No Iraque, Saddam ganhou as últimas eleições que fez com 100 por cento dos votos, mas hoje vemos que as manifestações no Iraque contra a potência ocupante mostram uma pluralidade de movimentos e não 100 por cento em favor do ditador que foi derrubado pela intervenção americana. Fidel não tem, com certeza, 100 por cento da população do seu lado. Mas bastava que houvesse um cubano que pensasse diferente do Fidel para que ele tivesse o direito de pensar diferente.

Voltando ao PT, eu acho que há uma corrente no partido que, efetivamente, não aceita a democracia como modelo a seguir, que se submeteu a ela, nas circunstâncias do Brasil, e que, por isso, poderá ser sempre um risco para a própria democracia brasileira. E eu, não sendo brasileiro, sendo angolano, digo isso com preocupação, porque é normalmente nesses modelos ditatoriais que os nossos ditadores se inspiram. E, por isso, o exemplo brasileiro, nesse capítulo, pode ser um mau exemplo para Angola. E, como tal, eu tenho que me bater para que a própria democracia brasileira se fortaleça e se desenvolva naquele caminho que todos nós desejamos.


Comentário: Este depoimento quase que dá para fazer uma anedota de humor negro verdadeiro

Agostinho Neto, lá no seu descansado reino do todo Poderoso dos Céus, envia uma carta a Fidel de Castro e a José Eduardo dos Santos, a perguntar-lhes quais sãos os remédios que tomam para o tratamento das suas doenças cancerígenas, pois tardam em morrer para largarem o poder a favor das forças populares do internacionalismo imperialista apergoado por Fidel nas Nações Unidas em 1975, aquando da sua invasão em Angola.Ele (Agostinho Neto) está farto de esperar por eles no seu todo poderoso Reino dos Céus, que foi obrigado à força pela Rússia a construir e a ocupar antes da sua verdadeira hora chegar.Foi com entusiasmo que Agostinho Neto, foi recebido no reino dos Céus enviado pela Rússia, ao qual os russos entregaram de mão beijada o poder ao jovem José Eduardo dos Santos, a quem deram toda a formação e lavagem cerebral política para assumir o poder largado pelo defundo.Inclusive, até uma mulher de origem russa lhe ofereceram, da qual nasceu uma filha criola (russa/angolana) que é detentora de fortunas incalculáveis, sustentadas muito provavelmente à custa das balas, mortes, mutilação de muitos dos angolanos.Nenhum angolano, atreve-se a contestar as origens destas fortunas, porque sabe de antemão que corre sérios riscos.

Nada melhor, que deixar anexado a este comentário um vídeo, com as palavras que o próprio Fidel de Castro, proferiu nas Nações Unidas, onde ele sem gaguejar enumera as riquezas de Angola.

Construa-se a história de Angola, na base da verdade dos factos e dados.Basta de hipocrísia.Basta de culparem o Savimbi e outros mentores pela guerra ao poder em Angola. Porque os verdadeiros culpados continuam vivos e impunes.Continuam nesse poder a enganar o povo, tentando trocar as voltas à verdadeira história dos acontecimentos da guerra em Angola.A guerra em Angola, começou devido aos problemas da divisão interna dentro do MPLA, que usaram outras estruturas para camuflarem a verdade pelo assalto e a ganância ao poder com a ajuda dos Cubanos, Russos e Chineses.Esses sim, é que são os verdadeiros culpados e neste momento são os maiores parceiros de Angola.Quando é que o povo angolano vai acordar do sonho vendido através da falsidade para o pesadelo da verdade.Quando é que o povo angolano vai conseguir ter maturidade suficiente para aceitar esta dura realidade.Quando ?!


terça-feira, 18 de novembro de 2008

E se Obama fosse africano?



Por Mia Couto


Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.

Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos
de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos.

Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.

Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: "E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto.

E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?

1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.

2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.

3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.

4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato.
Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto.
Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano". O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?).

5. Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu doshomossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.

6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos
devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos
ditadores.

Inconclusivas conclusões

Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.

Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.

A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.

Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público.

No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo.

Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia




Comentário:Estas perguntas devem ser respondidas, principalmente pelo africanos com a boca larga e apoiantes dos governantes ditadores/coruptos.Por aqueles africanos que conseguem em momentos eleitorais transformaros líderes ditadores em autênticos democratas.Onde os Estados Unidos, também tem a sua cota parte de responsabilidade.Veja-se o caso de Angola.José Eduardo dos Santos, em pouco tempo passou de um dos maiores ditadores (diabo) para um dos maiores democratas (Anjo) que inclusive poderia mudar o " rumo de toda a África " .A este tipo de viragens devido aos interesses económicos dos Estados Unidos e de outros países, com interesses em Angola e em África, chamamos, tal como Mia Couto refere, de PURO CINISMO.
Se a vitória de Obama, fôr como muitos andam por aí apergoar, como sendo a vitória dos negros. Obama, vai ter muito que trabalhar em África para alterar as mentalidades e para correr com os líderes corruptos africanos agarrados ao poder.Mesmo que esses líderes, tenham sido eleitos através do voto popular.Onde o povo inconscientemente é coagido a votar no(s) ditador(es).Pois, o povo conscientemente saberá, se assim o não o fizer, dará argumentos aos ditadores para iniciarem uma guerra, onde ele (povo) será a maior vítima.Portanto o povo Angolano votou conscientemente, a favor da sua segurança pessoal ao dar o seu voto ao MPLA representado pelo seu Presidente ditador, não dando margens nem a um (MPLA) nem a outro (JES) para terem motivos para iniciarem uma guerra de bastidores, perseguições e chacinas a famílias inteiras, a um povo, já por si massacrado devido aos interesses e à ganância particular dos líderes.
Mal por mal.Fica como está.Obama nada puderá fazer contra estes líderes africanos.A não ser, esperar que os ditadores e suas familias morram e desaparecendo da face da terra.

Se proventura algum mal, um dia vier acontecer a Obama, serão os próprios africanos a causar-lhe esse mal.Porque ele representa um incómodo para certos líderes e mentalidades xenófobas em África


Receio que Ghassist manche “o bom nome” do MPLA


Fonte: club-k


Luanda - Sectores do regime, com realce ao Comitê de especialidade dos aeronáuticos revelam apreensão face a marginalização de cerca de 40 trabalhadores da Ghassist que recentemente canalizaram as suas preocupações denunciando que a direcção daquela empresa teria ameaçado despedi-los por terem se envolvido na greve que ocorreu na primeira semana de Outubro.
Alguns desses trabalhadores que também residem em subúrbios, tem o nível de escolaridade baixa ostentam uma concepção de que tudo que tem haver com responsabilidades sobre os deveres da classe a que pertencem envolve o MPLA.


O Facto de figuras do MPLA como Maria Mambo Café fazerem parte da Administração da empresa, deixa os trabalhadores mentalizados que o incumprimento das suas reivindicações esteja ligado a ma vontade do partido no poder. Acentuaram-se comentários/alertas, em meios do regime denotando que medidas como a que a direcção da Ghassist impõe sobre os seus funcionários de base podem manchar o “bom nome” do MPLA.
Os mesmos sectores do regime mostram se indignados face ao clima de suspeição instalado, a semana passada na empresa. Em causa esta o surgimento de um artigo sobre a Ghassist publicado no portal do Club-k.net alertando que a empresa teria desobedecido o General Manuel H V “Kopelipa” ao não cumprir a solicitação feita no sentido de aquela direção poderia encontrar a melhor solução para os trabalhadores “rebeldes” que opõem aos baixos salários. Informações em posse dos sectores que citamos, observam que esta ser sentido uma espécie de “caça as bruxas” na Ghassist que se receia que venham afectar a imagem do MPLA. Rui Candove, ex assessor do PCA “Vinito” Gouveia de quem diz-se ter laços de parentescos, foi suspeito de ter sido a personalidade ou fonte que levou informações da empresa para fora (entenda-se portal do Club-K). Candove é jornalista de profissão com passagem pela Radio Lac e pela FM Sterio.
De acordo com observações internas, as pessoas andaram a imprimir o que saiu da “internet” mesmo dentro da empresa mostrando copia aos trabalhadores e a pessoas chegadas ao próprio PCA. Logo apos a saída/divulgação do artigo foram chamados alguns trabalhadores para responder sobre a situação das faltas que no entender do Direção dos Recursos Humanos pode dar em despedimento conforme aquele departamento interpreta a lei geral de trabalho.

Outra preocupação em meios do regime tem haver com a transparência de um empréstimo para compra de material vindo dos Estados Unidos através da Agencia Nacional de Investimento Privado (ANIP) acerca de dois anos atrás. O material nunca chegou ou nunca foi visto em Angola. Ary de Carvalho, o administrador financeiro da Ghassist e igualmente administrador da ANIP é alvo de suspeita de que terá influenciado o processo que uniu as duas empresas.
Ao que se constata, o atraso do material tem impossibilitado a execução de tarefas sobretudo na existência de varias descargas em simultâneo. As matérias em referencia são escadas , tapetes, autocarros loaders, air starter e geradores, razão pela qual os atrasos dos aviões estão relacionados sempre com estas dificuldades. Por exemplo se chegam quatro aviões em simultâneo a Ghassit tem dificuldades em assistir porque terá de esperar as escadas e trocar os “loaders” para carregamento de bagagem.

A Ghassist é a única empresa de handling a operar no aeroporto internacional “4 de Fevereiro” garantindo assistência de carga, correio, bagagem, serviços de rampa, serviço de limpeza de aeronave e load control (despacho operacional, documentação de trafego e emissão de folha de carga e de balanceamento). A Ghassist tem cerca de 600 trabalhadores dentre os quais 300 filiados.

Trata-se de uma empresa com caracter privado envolvendo três accionistas nomeadamente a MACGRA, ENANA e TAAG. O PCA “Vinito” Gouveia é muito próximo ao General Kopelipa. Parte da direção são figuras ligadas a famílias do poder político. A Presidente da Mesa de Assembléia é a economista Maria Mambo Café, uma figura respeitada do MPLA ao que suporta a conotações segundo a qual a empresa esteja ligada ao grupo de subdiciaria pertença ao sector econômico do MPLA.



Comentário: O povo angolano gosta de ser enganado.Se anteriormente já tinham conhecimento destas trafulhices e jogos entre as empresas e o poder, porque razão não usaram a arma do voto, para penalizar e contestar vivamente, este e outros tipos de jogos.Provavelmente, porque o povo receando as represálias maciças e respectivas consequências (perseguições e chacinas 27 de Maio) por parte do MPLA, preferiu optar por ser brando e bajulador ao partido até então no poder, dando-lhe a continuidade para continuar a impôr e a aplicar as regras e filosofias de um partido a todo o povo angolano, inclusive é imposto aos angolanos o juramento sobre uma bandeira que se diz ser representante de uma nação e é pertença de um partido autoritário e anti-democrático - MPLA.Não vão a bem, vão a mal.Enquanto o mal, vai trabalhando e enriquecendo os bolsos de alguns, o bem continua igual ao que era antes.Um pobre desgraçado.
Se fosse eu a mandar em Angola, adoptava as medidas que estão a ser aplicadas na reconstrução das infra-estruturas do país.Mandava acabar com TODOS OS PARTIDOS POLÍTICOS EM ANGOLA DA VELHA GERAÇÃO.Mandava destruir e queimar tudo que esses pseudos partidos ergueram, dando lugar a novas mentalidades.Um novo oxigénio.Uma nova e verdadeira Angola.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

China: Embaixada angolana em Pequim já emitiu 40.000 vistos este ano


Fonte:Lusa

Pequim, (Lusa) - A embaixada de Angola na China já emitiu este ano cerca de 40.000 vistos, confirmando o aumento das relações entre os dois países, afirmou hoje o embaixador João Manuel Bernardo. Numa conferência de imprensa para assinalar o 33º aniversario da independência de Angola, que se comemora terça-feira, o embaixador angolano em Pequim disse que "há muitos chineses a trabalhar na reconstrução nacional" do seu pais, nomeadamente na "reabilitação de estradas e escolas", mas não precisou quantos.




"A cooperação com Angola está num nível muito bom (…) Há chineses em todas as 18 províncias de Angola, mas não sei exactamente quantos", disse. Dos vistos já emitidos este ano em Pequim, referiu, 5.000 são de trabalho e os restantes de curta duração. João Bernardo, acreditado em Pequim há seis anos, manifestou-se "muito satisfeito" com a presença chinesa em Angola e disse que a cooperação bilateral "irá aumentar". "Temos de construir um milhão de habitações e um milhão de empregos.


É um grande projecto, um grande desafio, e precisamos da ajuda dos países amigos", salientou o diplomata.Segundo adiantou, nos primeiros nove meses deste ano, o valor do comércio bilateral já ultrapassou os 14 mil milhões de dólares (cerca de 11,2 mil milhões de euros), dos quais mais de 80por cento dizem respeito ao petróleo angolano importado pela China.Nos últimos quatro anos, Angola tornou-se um dos maiores fornecedores de petróleo da China e o montante dos créditos chineses concedidos àquele país africano atingiu os 4,5 mil milhões de dólares (3,6 mil milhões de euros). A independência de Angola foi proclamada a 11 de Novembro de 1975.


Comentário: Ai jesus, com tanto visto passado e tantos dólares a circularem a troco de petróleo e de obras públicas de qualidade duvidosa, fiquei com os olhos mais rasgados(em bico) que os próprios olhos dos chineses.

Dizem eles, que têm que construir um milhão de habitações e um milhão de empregos.As habitações devem ser, para os amigos e familiares dos detentores de cargos públicos ao seu serviço do país nos escalões de nível inferior.Os empregos devem ser para os chineses.Pois segundo, as más línguas, andam por aí a comentar à boca cheia, que a invasão dos quadros pseudo-qualificados made in china deportados para Angola, são oriundos das cadeias chinesas.Isto é, cidadãos que tem contas a ajustar com a justiça chinesa, e que são uma má influência para o trabalhador angolano, por conseguinte nas obras de construção a cargo das empresas chinesas, só são admitidos trabalhadores made in China.Os angolanos ficam de fora.Onde é, que o embaixador de Angola na China vai desenrascar um milhão de empregos para os angolanos na cooperação com a China.

Com tantos números e cifrões, cheira a propaganda do embaixador angolano na China.Cheira a mais um, angolagate económico.Os chineses, estão a vender aos angolanos "gato por lebre".Compram o petróleo e outros minerais não menos importantes, ao preço da uva michona, em troca vendem 40.000 vistos de qualidade duvidosa, para serem aplicados em obras de reconstrução igualmente duvidosas.É certo e sabido, que a qualidade dos produtos chineses são de má qualidade e de pouca durabilidade (prazo mínimo umas horas, e o máximo seis meses).

A pergunta que se coloca, é: Quem vai pagar a factura de tudo isto no futuro ?

O mesmo de sempre.O massacrado povo angolano.Pois, nem o próprio embaixador de Angola na China, sabe dizer o número exacto de chineses em Angola.

Ai jesus, onde é que isto vai parar ?


sábado, 8 de novembro de 2008

RD do Congo: Conflito pode tornar-se numa guerra regional


Fonte: JN

Rebeldes dizem que militares de Angola estão a combater na região

A crise humanitária e a continuação dos confrontos militares na República Democrática do Congo justificam, segundo analistas angolanos ouvidos pela Lusa, uma intervenção "forte" de Luanda para apoiar Joseph Kabila.
Os confrontos entre a milícia Mai-Mai, aliada do Governo congolês, e os rebeldes tutsis do Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP). liderados pelo general Laurent Nkunda, continuaram ontem em Rutshuru, na província congolesa de Kivu Norte.
As hostilidades no leste do país voltaram ontem em grande força, tendo inclusive no meio dos confrontos os funcionários da ONU que chegaram à região com o primeiro comboio de ajuda humanitária para os 250 mil deslocados concentrados na zona de Kiwanja.
Soldados uruguaios e indianos dos capacetes azuis da Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUC) tiveram ontem de usar a força para resgatar 12 membros da missão humanitária que estava na área de Kiwanja, a dois quilómetros de Rutshuru, tomada pelos rebeldes tutsis em 26 de Outubro.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) confirmou entretanto que três campos de refugiados, perto de Rutshuru, tinham sido destruídos, causando a fuga de mais de 50 mil pessoas.
Os rebeldes da CNDP denunciaram a presença de soldados zimbabuanos e angolanos na província de Kivu Norte, o que a ser verdade ameaça transformar este conflito numa guerra regional. Além disso, o chefe do contingente militar uruguaio da ONU em Kivu Norte, general Jorge Rosales, afirmou que os seus soldados foram atacados por tanques ruandeses, o que sustenta a acusação de que Ruanda apoia os rebeldes.
Sobre as acusações a Angola, alguns analistas angolanos disseram à Lusa que essa situação é "incontornável". Graça Campos, director do "Semanário Angolense", diz que Luanda só aguarda pelo "apoio formal" da comunidade internacional para enviar militares em apoio de Joseph Kabila.
Por seu lado, Nelson Pestana "Bonavena", professor universitário, lembra que "Angola é parte integrante da solução do conflito na RDC ongo" frisando que Luanda "faz parte do sistema de sustentação de governação" daquele país.
"Angola é um aliado natural e forte de Kabila, pois tem participado em todos os processos de pacificação, na procura de entendimentos, e, obrigatoriamente, tem de participar nesse processo",
afirmou Nelson Pestana.



Comentário:Quem paga tudo isto ?

O mesmo de sempre.O povo.

Tudo o resto, é balelas e cozinhados entre estadistas de preferência com carácter de ditadores, cujos os interesses do povo, estão colocados no final das listas das suas prioridades.

Convoquem o recém eleito, Obama, para resolver este problema.