sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Angola, "falida", porém "exitosa"

Fonte: O Observador de Angola

Que espécie de Estado é Angola? O que o levou a isso? E quais são as suas perspectivas futuras? Estas são as questões-chave exploradas por David Sogge em seu último artigo, Angola – “Failed”, yet “Successful” publicado pela FRIDE (Fundación para las Relaciones Internacionales y El Dialogo Exterior).O relatório argumenta que a Angola actual não deve ser somente compreendida como produto de forças e processos internos, mas na mesma medida como produto do envolvimento e intervenção ocidental ao longo de 500 anos. “Actores externos armaram o palco e ajudaram a alimentar quatro décadas de guerra e cataclismos econômicos”, sinaliza Sogge, acrescentando que “(Angola) ilustra o poder da indústria do petróleo e das elites nacionais que dependem dela para corromper e minar a legitimidade de qualquer sistema político em que encostam”. “A riqueza oriunda do petróleo tende a prolongar e estabilizar regimes autocráticos”.Sua perspectiva é que a economia angolana é direccionada para servir os interesses de uma elite local e de interesses estrangeiros. Ele afirma que cinco das oito maiores corporações mundiais estão altamente envolvidas em Angola, empunhando um poder financeiro e econômico lá e nas “estruturas geopolíticas nas quais Angola está inserida”. Ele assegura que as reservas de petróleo e gás conhecidas em Angola são relativamente modestas e que o boom do petróleo provavelmente terá passado até 2020. O modelo actual de desenvolvimento é, portanto, uma bomba relógio accionada”.No que diz respeito ao futuro, “actualmente o Estado angolano é mais forte do que era de ser esperado, tendo repelido uma séria de tentativas de golpes, conseguindo ampliar sua base política e consolidar-se como uma autocracia estável. Porém a administração e serviços públicos permanecem fracos e mal distribuídos”, afirma Sogge. “Enquanto incentivos estrangeiros poderosos e mal regulamentados continuarem a moldar as motivações das elites e visões do futuro de Angola, as perspectivas de transformação – visão ampla do desenvolvimento, autonomia do Estado frente aos interesses especiais, burocracia efectiva e uma classe empreendedora – não parecem boas”.

O autor visualiza algumas possibilidades ligadas ao fim do boom do petróleo, à crise económica global e às organizações locais preenchendo espaços que poderão emergir para exigirem um governo mais transparente e responsável.



Comentário: Uma sugestão de reflexão para o período das férias.

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