sábado, 27 de outubro de 2007
Teixeira Pascoaes - Marános e a Paisagem
Marános e a Paisagem
E Marános, enquanto aquela Imagem
De sonho, se perdia, no Invisível,
Deixando, na verdura da paisagem,
Rastos de luz, pegadas de luar,
Disse, com voz saudosa:
« Ò tu que ouviste
Minha alegria espiritual, que forma
A essência do meu ser, e descobriste,
Pela aridez ardente dêstes lábios,
A natureza ideal da minha sêde;
Tu, que és meu pobre corpo contingente,
Prolongando-se em íntima ternura,
E, noutro espaço, azul e transcendente,
Outra vida vivendo, já liberto;
Seguirei teu caminho, que nos leva
Àquele imenso e trágico deserto,
Que se ergue, altivo e triste, no horizonte;
E parece, daqui, deste êrmo outeiro,
Com seus ermos planaltos, na amplidão,
Tocados de infinito e nevoeiro,
A montanha da lua e do silêncio.»
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