terça-feira, 22 de julho de 2014

Novos colonos de Angola:Emigrantes vietnamitas fazem milhões em Angola

Vietnamese emigrants make millions in Angola



A group of young Vietnamese emigrants who arrived as construction workers have risen to become influential millionaires in Angola.
 
Today, the developing African nation is home to over 40 Vietnamese millionaires who are actively engaged in drawing migrant work from Vietnam.
 
Nguyen Ngoc Ky (known as Paolo in Angola) serves as the general director of a construction company in the namesake provincial capital of Lubango, a city some 1,000 kilometers from the capitol city of Luanda which boasts a large Vietnamese community.
 
Fluency in Portuguese, Angola’s main language, gives Ky the advantage of being able to communicate with government officials.
 
“If you can’t speak Portuguese in Angola, you can only be a hired worker and not a boss,” Ky told Tien Phong newspaper.
 
The 30-year-old from the central province of Ha Tinh graduated from Hanoi Business Administration University.
 
When he arrived in Angola ten years ago, he mostly survived doing odd jobs.
 
He opened a construction company using savings from a successful photo studio.
 
“The demand for construction in Lubango is huge. But local people aren't trained for the job and they don’t have a good command of the latest technology.
 
“I won big contracts, one after another, to get where I am now.”
 
Angola established diplomatic relationship with Vietnam in 1975, only began giving permits to Vietnamese labor exporters last April.
 
Ky employed more than 60 Vietnamese workers long before that, paying them wages ranging from $1,000-1,500 a month plus meals and accommodation.
 
He's also hired hundreds of locals to do smaller jobs that pay $250-500 a month.
 
Tran Phu, a driver for Ky’s company, said it’s the dream of many Vietnamese migrants to have a stable job far from home, and they’ve tried to help each other realize that dream.
 
Phu said he and his colleagues come from different places in Vietnam, but “we love each other as brothers.”
 
He said Ky provides for all their needs, so they can focus on working and sending money home every month.
 
Ky recently brought his wife and son over to join him and plans to expand his activities to include the importation of Vietnamese goods.
 
Dang Van Hoa left his home in Nam Dinh Province for nearby Hanoi as a teenage boy. He shined shoes on the street to make his living and has now become a construction boss who also runs five retail and service shops in Luanda.
 
The 27-year-old picked up construction work in Hanoi after dropping out of school.
 
He went to Angola in September 2008 to work on construction sites and was paid $500 a month in addition to meals and accommodation.
 
His employer began losing money and cut his wages after six months, which turned out to be a good thing because it pushed him to start his own business.
 
He convinced his fellow migrants to work on small building projects and opened a small photo studio.
 
It was a rough start.
 
He spoke just a little Portuguese -- not nearly enough to build contacts and obtain official licenses -- and didn't have much money.
 
“I lacked money in the beginning, so I had to borrow. But I got help from many Vietnamese brothers and the shop’s downtown location also helped recover the investment quickly,” Hoa told an Infonet news reporter.
 
He didn't have anything to send home during his first year, but saved enough to open three Internet and electronic shops.
 
He worked hard, developed his business and obtained residency papers.
 
Today, his construction service builds both houses and schools. He plans to open a brick factory and a shop selling construction materials
 
He currently employs 30 Vietnamese and ten locals, paying them a total of $40,000 a month. He also provides sick leave and worker's compensation for on-the-job accidents.
 
Hoa said he hires mainly Vietnamese as he believes that he can trust them and wants to help families back home rise out of poverty.
 
Another Vietnamese, Cuong Viana, nicknamed after Viana town in Luanda Province, is the sole soft drink provider in Angola.
 
He has partnered with many large beverage companies and his distribution center has hundreds of trucks coming and going every day.
 
“Once I arrived in Angola, I decided to stay for the long-run," Cuong said.
 
Many relatives and friends from his hometown, Hanoi, joined his Vietnamese staff, which is more than 100-strong and receives roughly $1,000 per person per month.
 
“His current properties are worth millions of dollars,” said Thanh, who counts Cuong as a close friend.
 
Unofficial figures from the Association of Vietnamese People in Angola said the group of 40 millionaires invest in construction, the car and motorbike trade, saloon services and real estate.
 
Vietnam's ambassador to Angola, Do Ba Khoa, said the expatriate community there is united and helpful, and that’s how they won the hearts of the locals
 
Fonte:thanhniennews
 

BES Angola, um afro-BPN

Ao assumir o buraco do BES Angola, o governo de Luanda vai gastar o mesmo que aplicou no Fundo Soberano do país.

O longo conflito pelo lugar de Ricardo Salgado no grupo Espírito Santo transformou-se nas últimas semanas em convulsão total. As informações que saem do grupo seguem o padrão dos escândalos bancários dos últimos anos. Sob foco está o gigantesco buraco - mais de mil milhões escondidos pela manipulação de contas - na holding que inclui a participação da família Espírito Santo no BES, e a tentativa de vender papel tóxico aos clientes do banco. Maior ainda é o escândalo do BES Angola, que funcionou como um verdadeiro pipeline por onde passaram milhares de milhões de euros em créditos obscuros. Como é costume nestes casos, as auditorias internas do BES não indicavam problemas na filial angolana, os acionistas locais (generais Kopelipa e Leopoldino do Nascimento, entre outros) não se queixavam de nada e a consultora KPMG nunca soou alarmes. O BESA recebia prémios internacionais.
(Atribuição de créditos sem controlo ou garantias abriram buraco de 6,5 mil milhões no BES Angola)
 

Um desfalque soberano
 

A garantia concedida pelo Estado angolano para salvar o BES Angola ascende a cinco mil milhões de dólares, nada menos que o valor equivalente ao do famoso fundo soberano do país, lançado com estrondo há dois anos e entregue ao filho do presidente José Eduardo dos Santos. A dimensão deste resgate dá uma ideia sobre a dimensão da acumulação privada neste episódio, equivalente a 80% da carteira de crédito do BESA.Alguns “clientes” levantavam numerário que só poderia ser transportado em camiões.
No centro deste desfalque, vamos encontrar os protagonistas centrais da presença africana do grupo Espírito Santo em África ao longo de mais de uma década, o núcleo duro do BES Angola e da ESCOM (Espírito Santo Commerce), o braço do grupo para Angola, disperso pela mineração e construção de infra-estruturas, aeroportos, estradas, saneamento, habitação.Em associação com o grupo russo Alrosa domina numerosas explorações de diamantes.Em Portugal, a Escom foi agente financeiro e banco paralelo do grupo Espírito Santo em casos como os dos submarinos ou o Portucale.
 
Sublinhando que os créditos sem garantias concedidos pelo BESA a sociedades de proprietários desconhecidos atingem as muitas centenas de milhões, a imprensa tem porém identificado alguns dos principais beneficiários desta operação: o topo do universo BES em Angola. Desde logo, os proprietários da Newshold, que domina o Sol e o i, além de parte do grupo Cofina, os irmãos Emanuel Madaleno e Álvaro Sobrinho, este último presidente do BESA até se incompatibilizar com Salgado em 2012. Outros são Hélder Bataglia, presidente da Escom e administrador do BESA; Eugénio Neto, vice-presidente da Escom e parceiro angolano da General Electric no negócio do petróleo (na foto ), que terá beneficiado de 1,5 mil milhões de dólares de crédito. Outra figura indicada pelo Expresso é Domingos Vunge, da Score Media, sociedade da Newshold e da portuguesa Ongoing na corrida à privatização da RTP, bem como na tentativa de controlo do grupo Controlinveste (DN, JN, TSF), que chegou a ter assinada uma promessa de compra. Nenhum dos negócios se consumou e a Controlinveste acabou por ficar para António Mosquito, outro empresário próximo do poder angolano.
Os próprios Ricardo Salgado e o seu braço-direito, Morais Pires, estarão entre os beneficiários diretos do pipeline do dinheiro do BESA. Segundo o Expresso, entre o final de 2009 e Julho de 2011, o BES Angola transferiu para contas suas no Crédit Suisse mais de 27 milhões de dólares. Ambos eram clientes da Akoya, gestora de fortunas em Genebra que esteve no centro do caso Monte Branco.

(Eugénio Neto (à direita) terá beneficiado de 1,5 mil milhões de dólares de crédito no BESA, através de uma sociedade que o banco diz que não consegue identificar a quem pertence)
 
Monte Branco era ponta de iceberg
 
As primeiras informações sobre este escândalo surgiram no contexto de denúncias feitas por Duarte Lima, após a sua prisão, acerca de um esquema de fuga ao fisco e branqueamento de capitais entre Lisboa e a Suíça, envolvendo antigos quadros do UBS ligados a Portugal na Akoya. Quando é detido em Portugal, Michel Canals, da Akoya, faz o seu primeiro contacto legal com a advogada Ana Bruno. Nesta altura, além de ser testa-de-ferro de Álvaro Sobrinho à frente da Newshold (proprietária do Sol), Ana Bruno representava dezenas de empresas, onde surgem membros das famílias Champalimaud e Horta e Costa (resort Vale do Lobo, Algarve) ou Hélder Bataglia, o presidente da Escom a quem Cavaco Silva atribuiu um dia a comenda da Ordem do Infante.
 
No final de 2012, confirma-se que a Akoya tem como acionistas os próprios Álvaro Sobrinho e Hélder Bataglia. Confrontado com as investigações, Ricardo Salgado assume ter recorrido durante quase vinte anos aos serviços de Michel Canals. Ato contínuo, recorre à amnistia fiscal promovida pelo governo português para capitais não-declarados no estrangeiro, o que lhe permite regularizar uma fuga fiscal de muitos anos sem penalizações e mediante uma taxa de 7,5%. Morais Pires retifica também a sua declaração de 2011 para regularizar aplicações pessoais na Akoya.Salgado paga ao Estado português dois milhões de euros de impostos em falta.Na senda do caso Monte Branco, o regime extraordinário de regularização tributária aplicado em 2012 é o mais importante de sempre, abrangendo centenas de contas e “legalizando” quase 3,4 mil milhões de euros de origem desconhecida.Como escreveu o então diretor do Jornal de Negócios , esta “regularização” corresponde na prática a um “imposto sobre o branqueamento legal” (1.2.2013).
 
A Akoya, propriedade de Helder Bataglia e Álvaro Sobrinho surge também referenciada no processo-crime sobre tráfico de informação privilegiada na privatizações da EDP e da REN em 2011.Foram noticiados também indícios de utilização de pelo menos 15 milhões de euros em negócios conduzidos por “pessoas próximas de intervenientes nos procedimentos de privatização” (Sábado , 25.10.2012).
 
Também em 2012, depois das notícias sobre investigações judiciais pela compra de seis apartamentos milionários no edifício Estoril Residence, Álvaro Sobrinho sai dos órgãos do banco, substituído no lugar de chairman por Paulo Kassoma, primeiro-ministro de Angola entre 2008 e 2010.Em Abril de 2014, o site Maka Angola, de Rafael Maques, noticia “graves problemas” no BESA, com um buraco de 6,5 mil milhões.Três meses depois, a notícia chega ao Expresso e o governo de Angola acciona o resgate.Em Junho, o ex-ministro socialista Manuel Pinho, vice-presidente da holding BES África (que inclui o BESA), pede a reforma antecipada a Ricardo Salgado, mediante uma indemnização de 3,5 milhões de euros.
 
 (As ligações de Álvaro Sobrinho ao mundo empresarial, mediático e financeiro)
 
Fonte:Esquerda.Net