terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A crise, uma oportunidade - I

Fonte:África21

A primeira coisa a fazer, face à crise, é combater e superar essa ilusão. Como dizem os brasileiros, é preciso “cair na real”. Impõe-se, por conseguinte, valorizar o trabalho e a produção

O mundo está em crise. O país (Angola), como não podia deixar de ser, também está em crise. Passado o optimismo balofo dos últimos meses do ano passado – alimentado pelos áulicos de costume e enterrado pelo presidente da República no seu discurso de fim de ano -, a crise, finalmente, virou manchete da própria comunicação social do Estado.

A situação tem de ser assumida por todos, dos governantes aos cidadãos comuns, passando pelos quadros, os empresários, os fazedores de opinião e outros. Para que isso aconteça, o exemplo tem de partir de cima. Se as elites continuarem a comportar-se como se nada estivesse a acontecer, a crise acabará por engolir-nos a todos, o que terá consequências imprevisíveis.

A economia, como se sabe, está longe de ser uma ciência exacta, possuindo uma inquestionável componente psicológica. Nesse sentido, é imperioso recordar que, desde os anos 80, com o advento do “capitalismo flexível”, criou-se a terrível ilusão de que todos poderiam ser ricos, muitas vezes da noite para o dia, adquirindo a economia uma forte feição especulativa, em detrimento da produção (daí a designação criada por Harvey para esse modelo: “economia de casino”).

A “farra do crédito” levou países, empresas e indivíduos a pensar que poderiam viver indefinidamente acima das suas possibilidades.

Os germes dessa ilusão chegaram a Angola logo após a abertura política e económica dos anos 90. Devido à guerra que paralizou o país, não se manifestaram de uma vez só, mas a verdade é que acabaram por se afirmar com toda a brutalidade e, por vezes, boçalidade, como o demonstram certas atitudes de alguns membros da emergente burguesia angolana. Esse exemplo contaminou toda a sociedade, transformando-se, hoje, num traço sociológico transversal (a erosão da cultura de trabalho e a inexistência da cultura de poupança são dois sintomas disso).

A primeira coisa a fazer, face à crise, é combater e superar essa ilusão. Como dizem os brasileiros, é preciso “cair na real”. Impõe-se, por conseguinte, valorizar o trabalho e a produção, combater a especulação, aumentar a responsabilização, a todos os níveis, reforçar a disciplina, controlar melhor os gastos e criar hábitos de poupança.

Em qualquer país, as autoridades têm de ser as primeiras a dar o exemplo. A avaliar pelas decisões da última reunião do Conselho de Ministros, parece que o governo angolano está disposto a fazê-lo.

Com efeito, o cancelamento da Cimeira Mundial de Diamantes, a reprimenda do presidente aos gastos do Can 2010 e, em especial, a aprovação de uma linha de crédito para financiar os pequenos e médios produtores agrícolas são exemplos de medidas realistas e positivas, para tentar minimizar os efeitos locais da crise. Chamou-me também a atenção a notícia de que o governo quer garantir que a produção de biocombustíveis não entre em competição directa com a produção alimentar nacional.

Entretanto, se eu critico o “optimismo balofo” que jurava (?) que a crise não atingiria Angola, também estou longe de partilhar o “pessimismo sistémico” de muitos, incapazes de ver as coisas em perspectiva. Assim, e embora não seja um especialista em assuntos económicos, acredito que a actual crise mundial pode ser uma oportunidade para o nosso país.

Desde logo, a crise pode ser a grande oportunidade de Angola para diversificar decididamente a economia, superando a sua actual dependência do petróleo. A aposta na agricultura e a re-industrialização do país (em especial a indústria ligeira e agro-alimentar) parecem-me medida urgentes, para permitir a produção interna de bens e mercadorias até agora importados, os quais poderão ser afectados pela recessão que começa a atingir os países desenvolvidos. Além disso, a criação de indústrias será um grande factor gerador de empregos.

De igual modo, não se deve esquecer a recomendação de todos os economistas de prosseguir as obras públicas estruturantes (estradas, pontes, ferrovias e outras), assim como a necessidade de adoptar medidas, nomeadamente salariais, mas também no domínio dos impostos e das taxas de juro, a fim de manter o consumo em níveis desejáveis para garantir a produção.

Enfim, é preciso preservar a confiança e o optimismo realista (ou “preocupado”, como gosto de dizer). Não é demais insistir que, na economia real, os aspectos psicológicos podem ser cruciais. Apenas para dar um exemplo externo, é por essa razão que Delfim Neto, considerado o “czar” da economia brasileira durante o regime militar e não só, afirmou recentemente que Lula “é o melhor economista brasileiro”, precisamente pela atitude que tem mantido diante da crise mundial.

Surpreendente? Não. Elementar, caros leitores.

Comentário:Surpreendemente, é o que ainda estará para vir.Quem é que, vai conseguir mudar a mentalidade de todos aqueles que enriqueceram (caso da família Dos Santos&CªLdª) do dia para a noite, sem terem que justificar um único kwanza, perante o povo angolano.Antes pelo contrário, o exemplo dessa família e de outras semelhantes, é de, ao invés de investirem na poupança, estão a aplicar em investimentos privados no estrangeiro.O povo pensa de acordo com a cabeça dessas famílias.Pensa, «se eles conseguiram e tudo lhes é permitido, eu (povo) também poderei e me é permitido».É impressionante como as cabeças politiqueiras da família dos Santos, de um momento para o outro, acordaram e se lembraram, que o povo angolano estava necessitado de lições de moral para travar o esbanjamento dos saques e desnorte acumulado durante anos de vícios.Quem vai travar o esbanjamento da família Dos Santos&CªLdª.Quem ?

Surpreendente?Não!

Simplesmente a pura realidade.Medo, da falta de capacidade e de inoperância das medidas para o combate ao esbanjamento por parte de quem governa.O travão ao esbanjamento tenha os seus efeitos negativos, precisamente na classe de quem governa e arraste o país para o caos.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Rússia:Aviões russos desaparecidos em Angola "ressuscitam" em filme de Hollywood



José Milhazes, da Agência Lusa **

Moscovo, 12 Fev (Lusa) - Alguns dos aviões russos Antonov que desapareceram em Angola durante a guerra entre o MPLA e a UNITA foram utilizados na rodagem do filme O Senhor da Guerra, revela a revista russa Ekho, que sairá para as bancas sexta-feira.
O principal herói desse filme de Holywood é o traficante de armas soviético Iúri Orlov, interpretado pelo actor Nicolas Cage e que teve como modelo Victor But, russo que foi detido em 2008, na Tailândia, a pedido das autoridades norte-americanas.
Entre outros crimes, But, antigo militar russo que domina perfeitamente o português e trabalhou em Angola e Moçambique, é acusado de traficar armas.
"Quando estavam a ver esse filme, os nossos especialistas em aviação ficaram atónitos com uma descoberta inesperada. Segundo alguns sinais externos, um dos aviões que participou nas filmagens é um dos aparelhos Antonov 12 que desapareceram em Angola e são procurados internacionalmente", declarou à Ekho o piloto de testes russo Serguei Kudrichov, que dirige uma organização social que tenta descobrir o paradeiro de tripulações russas desaparecidas em Angola.
"Isto é uma nova pista", afirmou Kudrichov à Agência Lusa, acrescentando que "na natureza, não existem dois aviões iguais. São como as impressões digitais. Cada um tem as suas particularidades: cabinas, asas, fuselagem, aparelhos externos".
"A nossa organização falou com especialistas e pilotos que se recordam de todas as particularidades do avião que desapareceu em África. Claro que se trata de um reconhecimento visual, que não dispensa uma análise directa do aparelho", precisa o piloto russo.
Kudrichov disse à Lusa que a organização que dirige - "Pelo Regresso a Casa" - vai pedir esclarecimentos aos produtores de "O Senhor da Guerra".
Entre 1997 e 1998, nos céus de Angola desapareceram cinco aviões com 23 tripulantes, cidadãos da Bielorrússia, Rússia, Moldova e Ucrânia.
Em Janeiro de 1998, um Antonov 12 desapareceu depois de ter descolado do aeroporto angolano de N´zaje. Entre os passageiros estava o cidadão português António Horta.
Serguei Kudrichov e os familiares dos pilotos russos desaparecidos não têm dúvidas de que é preciso continuar a procurar os aviões, considerando que os aparelhos não se despenharam, mas são utilizados em negócios poucos transparentes em África.
"Num encontro com os familiares dos desaparecidos, o general Roberto Leal Ramos Monteiro `Ngongo`, então embaixador angolano na Rússia, reconheceu que os serviços secretos angolanos teriam interceptado uma comunicação de rádio do comandante Stadnik sobre o desvio da tripulação do Antonov-12 e sobre o seu trabalho na mira de metralhadoras", recorda Kudrichov.
"Recentemente, encontrámos dois aviões semelhantes aos que procuramos há já dez anos. O nosso perito, que se arriscou a aproximar-se deles, reconheceu-os como `nossos` por uma série de sinais", adiantou.
"Teve de se afastar rapidamente dos aparelhos devido à pressão da segurança", prossegue Kudrichov, e acrescenta, mostrando fotografias aéreas dos aparelhos: "isto confirma essa informação".
O piloto russo não revela o nome do aeródromo em que foram vistos os aparelhos russos por razões de segurança das tripulações, mas a agência Lusa apurou que se trata de um país vizinho de Angola.
"Acreditamos que as pessoas que procuramos podem estar nas mãos de uma `terceira força`, que actua em todo o Sul de África. Nessas regiões há minas de ouro, diamantes e platina e, frequentemente, são controladas por mercenários que garantem os interesses de homens de negócios estrangeiros", frisou.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

"Até para semear couves eu emigrava para Angola!"

Fonte: Jornal de Notícias

Portugueses partem em busca de trabalho e ordenados "chorudos". Os que já lá estão rejeitam a ideia de "Eldorado" e falam em trabalho árduo, mas compensador. E cada vez há mais quem queira partir


FERNANDO BASTO

"Eu nem que tenha que ir semear couves e batatas, prefiro ir para Angola do que ficar por cá. Sempre vou para um país mais quente. Além de ir ganhar o triplo, claro!". Ana Rodrigues já não acreditava que, com 49 anos de idade, iria encontrar emprego com tanta facilidade.

"Foi no Verão. Fui à Net e vi um anúncio a pedir escriturários para trabalhar numa empresa portuguesa em Luanda. Concorri e fui chamada no início de Janeiro", revelou, com um brilho no olhar.

O facto de ter nascido em Angola - apesar de ter nacionalidade portuguesa - foi uma vantagem. Para os empresários portugueses - que só podem contratar fora de Angola um terço dos seus trabalhadores - dar emprego a um trabalhador com nacionalidade angolana é uma vantagem: obtém vantagens fiscais e liberta mais uma vaga na sua quota de trabalhadores portugueses.

Ana trabalha como escriturária em Marco de Canaveses. Descontente com o parco ordenado de 750 euros, o que também ali a desespera é a falta de perspectivas de desenvolvimento profissional. "Há uns dois anos que tenho sentido a necessidade de emigrar. Vou pelo salário, claro, pois vou ganhar 2300 euros, além do alojamento e refeições oferecidos pela empresa. Mas sentia necessidade de sair deste país para fora", confessou.

Ana tem uma outra vantagem: não tem "amarras", é solteira. O mesmo não pode dizer Paulo Pereira, 42 anos, segurança, residente em Castelo de Paiva. Quando o tema da conversa é emigrar para Angola, o seu rosto queda-se triste e apreensivo. Sabe que no próximo dia 20 embarca rumo a Viana, uma pequena cidade da província de Luanda, onde vai trabalhar para uma empresa de segurança privada e... ganhar bastante mais do que os 800 euros mensais que agora leva para casa.

Por cá, ficam a mulher e as suas duas filhas, de 16 e 18 anos. "Eu aqui tenho a minha vida estável, mas penso muito no futuro das minhas filhas e do que lhes poderei dar. As saudades são a parte pior disto tudo", referiu.

Paulo Pereira conta "aguentar" por lá dois ou três anos. Tem receio das doenças e da insegurança que por lá possa encontrar. "Gostava de dar-me bem por lá e poder, mais tarde, levar a família comigo", consentiu.

Com ele, vai também Vítor Almeida, 36 anos, residente em Castelo de Paiva. Desempregado há já dois anos, depois de ter dado 10 anos da sua vida ao Exército, a oferta de trabalho para Angola foi a única que lhe surgiu depois de meses e meses à procura de algo.

"Vou com ânimo, pois sei que, finalmente, vou ter um emprego para trabalhar", afirmou, com satisfação. Lamenta que toda a dedicação que entregou à vida militar - participou em três missões de paz de seis meses na Bósnia - de nada lhe tenha valido. "Quando cheguei ao fim dos contratos, vim de lá com uma mão à frente e outra atrás", lastimou.

Deixa a mulher - também desempregada - e dois filhos, de 10 e 12 anos, em Castelo de Paiva para trabalhar em segurança privada. "O meu patrão oferece uma determinada quantia mais se eu quiser levar a família comigo, mas para já prefiro ver primeiro se me vou adaptar ou não", revelou.

Momento bom

Jorge Correia, 52 anos, está na cidade de Huambo (ex-Nova Lisboa) desde 2002. Em Portugal, deixou a família a tomar conta da empresa de materiais de construção que implementou em Oliveira do Bairro, há 12 anos.

"Quando começaram as dificuldades na construção civil e os negócios enfraqueceram, decidi vir para o Huambo, onde comprei uma empresa de construção civil e obras públicas", contou.

Jorge Correia confirma que este é um momento bom para investir em Angola. "Isto não é fácil, não é nenhuma árvore das patacas. Tenho avisado muitos portugueses de que é preciso saber trabalhar e, sobretudo, saber respeitar o povo daqui. Há quem venha ainda com um espírito colonialista e perca a noção da liberdade que este país tem. E isso é muito mau para quem quer vingar aqui", sublinhou.

A mesma ideia é partilhada por Rui Santos, um português radicado em Luanda desde 2002, onde criou uma empresa de consultadoria, que dá apoio à internacionalização de empresas.

"O empresário português não pode ver Angola como uma extensão de Portugal. É um mercado diferente, que exige uma abordagem diferente. E quem não percebe isto, enterra-se!", realçou.

Pela sua mão, mais de 60 empresas "nasceram" em Angola, na sua maioria de capitais portugueses. "Estamos num país que tem pela frente uma vasta obra de reconstrução nacional. Há obras por todo o lado e, por isso, há ainda mercado para muitas mais empresas", revelou. "Temos clientes do Vale do Ave, do sector dos têxteis e calçado, que trouxeram para cá as máquinas e estão a safar-se lindamente! É que há aqui 18 milhões de pessoas para vestir e calçar", salientou.

Faltam professores

Rui Santos realça como sectores ávidos de investimento os da saúde (material hospitalar e medicamentos), tecnologias da informação, marketing e publicidade, agricultura e pescas e formação. "Aqui há uma grande falta de professores de todas as áreas. Criar uma escola é ter alunos garantidos logo à partida", revelou.

Contudo, deixou um conselho: "Os portugueses que queiram investir aqui em Angola devem procurar apoio especializado e não virem com base em saudosismos e paternalismos, recorrendo a familiares e amigos", sustentou.

João Machado, 49 anos, angolano filho de portugueses e contabilista em Malange, admite ao JN que trabalhar naquele país "não é um mar de rosas". E esclarece: "Quem quiser trabalhar muito pode ter a certeza de que também vai ganhar muito. Agora, quem estiver habituado a trabalhar oito horinhas por dia e o resto é para descansar, pode estar certo de que aqui não vai ter futuro", deixou claro.

Essa mesma percepção do que é a vida laboral em terras angolanas tem António Pimentel, um engenheiro civil que, desde 2007, trocou Coimbra pelo Lobito, uma cidade da província de Benguela.

Na cidade do Mondego, explorava uma empresa familiar de administração de condomínios. Apesar dos negócios correrem bem, as perspectivas de desenvolvimento eram escassas. Em 2007, fez as malas, deixou para trás a mulher e dois filhos e foi exercer engenharia civil no Lobito. Hoje, dois anos depois, agora com a família ao seu lado, António Pimentel está a montar uma empresa de produtos médicos, já que a mulher está ligada ao sector da saúde.

"Angola é apelativa ao trabalho. Em Portugal, as pessoas têm a ideia de que isto é o Eldorado, mas desenganem-se. Há muita concorrência, principalmente dos chineses e brasileiros que para cá vêm, e é preciso trabalhar muito", frisou.

Vontade de partir

Sérgio Rodrigues, casado, 35 anos, residente em Coimbra, possui muita experiência na área da pintura e construção civil. Desempregado há um ano, tem tentado arranjar emprego em Angola, mas ainda nada conseguiu.

"Tenho um amigo que é pedreiro e ganha lá quatro mil euros por mês, quando aqui ganharia apenas uns mil euros", referiu. Vai continuar a tentar a sua sorte, pois "aqui em Portugal já não há mais condições de vida". Também Telmo Figueiredo, 34 anos, casado, funcionário judicial em Aveiro, procura um lugar em serviços sociais ou jurídicos ou recursos humanos em Angola. "Em Dezembro, ofereceram-me uma viagem para ir visitar um familiar em Cabinda. Não fui pelas dificuldades que Angola criou. Até queriam que eu levasse 200 dólares por cada dia de estadia!", revelou.




Comentário: PORTUGAL ESTÁ DE TANGA...

PORTUGAL ESTÁ NA TANGA ...

PORTUGAL ESTÁ UMA .... (adivinhem)

Só os sócretinos, é que acham que Portugal, é um país com muitas oportunidades para contornar a crise...Só os sócretinos inventam propagandas Freeport, acusando a oposição, para desviarem as atenções do povo para a crise.