segunda-feira, 24 de março de 2008

Angolano se destaca na Europa como caminhonista internacional

Fonte : Folha de Angola

Por:Leonel Martins


O jovem angolano Cirilo Nelson, radicado há quase uma década em Portugal, mas concretamente na cidade de Lisboa, onde trabalha como caminhonista internacional no velho continente vive uma das melhores fases de sua vida.

Cirilo que mudou-se recentemente para Espanha , onde fica em media quinze dias e quatro dias em Portugal, esta a trabalhar na frota de transportes Arniella S.A , na transportação de cisternas alimentares. A Arniella é a vigésima empresa no ranking das quarenta melhores empresas de transportação da Europa.

O caminhonista, vive uma das fases mais intensas da carreira profissional, conciliando o seu tempo escasso divido entre viagens que faz pela Europa e os respectivos artigos que escreve para o jornal português Tal & Qual e revista emigração e transporte na Espanha, a bordando assunto relacionado ao racismo e a emigração.

“Como eu digo, não há ninguém melhor que um próprio emigrante para falar sobre a imigração.Reconheço que o gosto pela leitura e a escrita me foi incutido pelo meu falecido pai que foi jornalista ( redator e repórter)da Radio Nacional de Angola, disse Cirilo Nelson em entrevista exclusiva concedida ao telefone, ao site Folha de Angola,”.

Cirilo fez os seus estudos em Angola , onde entrou para a academia militar seguindo carreira de oficial do exercito, mas os sucessivos convites que lhe foram feitos pelo seu irmão mais velho que vivia em Portugal na época fez com que o destino muda-se a vida do ex-oficial que acabou vivendo em Portugal. “Assim como todos os emigrantes, eu também trabalhei por muito tempo nas obras de construção civil por este país afora, diz”.

“A caminhonagem é uma paixão que começou por brincadeira. Soube da existência de um curso de camionista e de uma empresa portuguesa que precisava de motorista para o internacional (Portugal / Itália). Fiz as provas de seleção e fui aprovado. Logo a seguir tirei um outro curso para me especializar em cisternas, especialidade que tanto gosto dentro da caminhonagem, o que me permitiu entrar para uma empresa espanhola. Empresa esta que tem aproximadamente uma frota de 300 caminhões e que de três em três anos renova a frota com caminhões modernos, explica Cirilo,”.

“Actualmente a minha empresa está no ranking das melhores empresas a nível da Europa. Fazemos tráfego por toda Europa, incluindo a Inglaterra e países do leste. Suécia e Dinamarca, são os países que mais gosto de viajar.Sempre disse aos meus amigos ainda que por brincadeira que o meu sonho é um dia poder ter uma empresa de caminhonagem na minha terra natal, com as características das empresas aonde já trabalhei, como por exemplo em Portugal trabalhei numa empresa que tinha 150 caminhões e numa outra que tinha 70 caminhões. Alegro-me de ser o único negro na minha empresa e se houvesse mais, melhor. Claro. Talvez seja porque na minha empresa tenha muitos portugueses e porque sou angolano eles me chamam de “Man Torras”, diz Cirilo em tom sorridente.

Perguntado se tem enfrentado algum tipo de preconceito ou descriminação, o nosso entrevistado disse: “Ás vezes sim pelo facto de ser negro. Como por exemplo: numa das vezes que fui à Itália, daí a empresa mandou-me para Luxemburgo o que significa dizer que tinha que atravessar a Suíça, quando cheguei na fronteira no meio de milhares de caminhões que por aí passam, fui o único mandado parar para me pedirem os documentos. O curioso é que nem sequer pediram-me os documentos do caminhão, nem tão pouco da carga que levava.Além disso sempre que peço informação de alguma empresa aonde tenho que fazer a descarga às pessoas pelo facto de ser negro pensam que sou um “mendigo” ou que vou pedir qualquer outra coisa e então perguntam-me! onde está o motorista? a minha resposta é: o motorista sou eu, declara angolano Cirilo Nelson”.


Comentário: Um exemplo a seguir, que deve ser acarinhado meritóriamente por todos os angolanos, e não só.Muita força de vontade.Muito trabalho.Muito suor e lágrimas.
A recompensa é merecida, atendendo à profissão e aos países por onde este angolano desenvolve a sua profissão, nos quais não deve ser nada fácil, lidar com os preconceitos e descriminação.

Para este angolano, e outros exemplos idênticos, a minha " admiração".

Os governantes angolanos e outros responsáveis equiparáveis, deveriam prestar mais atenção e acarinhar o trabalho qualificado que muitos dos seus filhos, prestam e desenvolvem fora das suas fronteiras.Criar incentivos, e infraestruturas, para o seu retorno às origens.Existem fora de Angola, muitos quadros qualificados aos quais deveriam dar, a oportunidade e a hipótese de realizarem os seus sonhos dentro do seu pais.Contribuindo para a construção de uma Angola, para os Angolanos, em deterimento da contratação de quadros estrangeiros, que na maioria das vezes, encontram-se ao mesmo nível de equiparação que os emigrantes angolanos, sendo remunerados a peso de " ouro", com regalias de "luxo".Criar infraestruturas (gabinetes/secções) nas embaixadas e consulados espalhados pelo mundo, onde existam angolanos, com o objectivo de fazer o rastreio das qualificações e respectivas áreas.Facilitar-lhes o regresso com confiança, investindo nos angolanos, para os angolanos.

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