domingo, 23 de agosto de 2009

Discurso de Luisete Araújo na cerimônia contra demolições e desalojamentos forçados em Benguela



Fonte:Angola24Horas

Caros presentes, dignos benguelenses, estimado auditório OMUNGA

Cordiais saudações!

Apraz-me dizer que me sinto reconhecida por me terem convidado a participar desta augusta Assembleia da OMUNGA em Benguela, para falar aos angolanos e para todo o mundo sedento de ver uma Angola realmente renascida e os angolanos no pleno gozo de tudo quanto Deus lhes deu nesta terra, que infelizmente, cada dia que passa parece escapar das mãos dos angolanos; cada dia que passa os angolanos vão se sentindo estrangeiros nela. Porém, bem-haja Omunga.

É nestes momentos críticos que se avalia a importância destas tribunas, que como disse, servem não só para reflectirmos em conjunto, mas acima de tudo para levarmos daqui fórmulas derivadas de um consenso abrangente e que nos possibilitem com segurança ultrapassar estes e outros obstáculos que se nos impõem.

O tema que nos reúne aqui é o mais candente, “as demolições e suas consequências” que ocorrem um pouco por todo o país, com maior incidência em Luanda. Se não estivéssemos atentos, quase nada teríamos a dizer sobre o assunto, pois ninguém é estranho a tudo o que os nossos olhos estão a ver e os nossos ouvidos a escutar. Mas, estas demolições finalmente não surgem ao acaso, são fruto de um longo programa que jaz dentro de um projecto que nos foi ocultado todo este tempo. Até estrangeiros lúcidos não escondem em denunciar este triste episódio como verdadeira “neocolonização interna”, quer dizer: opressão e exploração de angolanos para angolanos.

Fomos todos enganados com promessas idílicas que no fundo não correspondem nem na sua forma, nem no seu conteúdo aos ideais pelos quais os angolanos votaram em júri e consciência. Não nos esqueçamos nunca que, já os resultados do pleito eleitoral foram como que um golpe severo e quiçá irreparável aos desígnios de todos nós. Em face disso, os factos do presente não escondem a nossa decepção, tão pouco a frustração que mora em todos os angolanos, até mesmo na consciência de muitos nacionalistas que habitam as muralhas do partido que coordena todo este insidioso e ignóbil plano.

Mas, como disse: “Demolições”, é apenas a ponta do Iceberg, é somente uma introdução de um vasto plano que desemboca na discriminação e injustiça social do resto dos 80% de desprovidos e vilipendiados que faz Angola. Os governantes actuais uns mais do que outros, todos inspirados pela ambição desmedida, embrenharam-se numa senda que culmina na lógica segundo a qual, depois da guerra, é tempo de aproveitar roubar, acaparar-se o máximo do património do Estado, ocupar todos os lugares e instituições estratégicas da Função Pública para não só garantir o poder político e económico, como assegurar o reino para o futuro. Nesta corrida desenfreada que temos vindo a apreciar de forma assustadora, eles defendem que uma vez passada esta onda dramática, o povo vai resfriar os ânimos, vai se conformar, cedo vai esquecer e amanhã a justiça que é ou será dominada por magistrados provavelmente comprometidos, nada poderá contra a ilegalidade dos atropelos e as imposturas que se vão cometendo. Este plano que muitos consideram macabro é geralmente gizado por gente estrangeira que indicia a sua implementação prática às nomenclaturas politica e militar dos nacionais, cujos dividendos ou benefícios, maior parte recai sempre para esses estrangeiros que insinuam este sórdido plano. É o que podemos ver hoje em Angola. Está-se, não a demolir, sim a destruir casas (pois, mesmo no tempo colonial, quando se faziam demolições, antes instalava-se os assolados em habitações muito mais condignas). Hoje e a semelhança de outras pessoas, prefiro chamar a isso também destruições e não demolições, porque as pessoas que perdem suas habitações ou terrenos, não são compensadas, são literalmente violentadas e cruelmente atiradas para as ruas e lixeiras, entregues, aí sim, à verdadeira promiscuidade.

Nós queremos cooperação, precisamos de ajuda, mas pedimos que a Comunidade Internacional nas suas relações com o governo angolano observe e respeite os nossos valores morais e humanos, para não ser conivente dos males que se pratica contra o povo.

Contudo, gostaria de alertar que não deveríamos estar distraídos. Há outros factores políticos mais determinantes que salvaguardam os célebres ditados lembrados pelo falecido Agostinho Neto: “O mais importante é resolver os problemas do povo” e “Contra a exploração e injustiça social, opomos resistência total”, que durante décadas constituíram os motores de sensibilização e mobilização dos oprimidos na revolução da aliança camponesa/operária, contra o opressor. É verdade que temos de continuar a dar lugar a vigilância popular generalizada. Mas, vigilância não se reduz apenas na denúncia dos factos que são protagonizados, é essencialmente destapar e antecipar planos que enunciam acontecimentos futuros de maior dimensão e muito mais demolidores.

Por conseguinte, se é urgente por todos os meios pôr-se cobro a este processo desumano das demolições, não deixa de ser quão imperioso velar-se por outros aspectos fundamentais que determinam a existência dos angolanos como cidadãos de direitos na terra que constitui legado de seus antepassados. Cito apenas dois elementos fulcrais que, se não forem devidamente acautelados, o futuro dos angolanos será seguramente a imagem deste presente, pior do que no tempo colonial. Portanto, trata-se da Revisão da Constituição e da Lei ou Diploma que regula a Privatização dos sectores e serviços do Estado. Este último assunto tem passado muito por despercebido entre os angolanos até daqueles a quem se convenciona chamar de intelectuais ou elites políticas que por regra deveriam ser os mais atentos ou avisados. É aqui onde tudo começa e acaba. É na interpretação destes dois ditames fundamentais onde se vai ou não legalizar a exploração e opressão democráticas, onde se vai institucionalizar a divisão subtil da sociedade entre os muito ricos e os muito pobres; onde numa só palavra, se vai perpetuar a luta entre a miséria e a pobreza, proporcionais àquilo que de forma pérfida, tanto dentro, como no estrangeiro, gostamos de apregoar: “Desenvolvimento económico-social”, fazendo crer que o desenvolvimento humano se circunscreve apenas na construção daquilo que é suposto substituir os ditos casebres. A maneira como está sendo conduzida esta política de privatização dos bens do Estado, é também o prenúncio desta deriva do governo que temos vindo a acompanhar lamentavelmente nos últimos tempos.

Um programa sério e responsável obedeceria a critérios urbanísticos faseados e ordenados da seguinte forma: 1° - Construir habitações suficientes, não de forma atabalhoada e improvisada como se verifica; em seguida instalar aqueles que não têm mesmo nada e os que habitam as zonas de risco eminente; depois os que estão pessimamente alojados; em seguida os que vivem em grandes efectivos debaixo de um único tecto, e assim sucessivamente, para evitarmos este estádio calamitoso de coisas. Não quero com isso dizer que o país estaria privado de uma reconstrução arquitectural moderna ou que a renovação das cidades e centros urbanos ficariam dependentes da solução desses problemas. Quero sim dizer que podia-se muito bem implementar os programas em paralelo, sem contudo incorrermos ao risco do governo ser acusado como estando a cometer crimes, como acontece agora em que não se respeitam as mulheres grávidas, os recém nascidos, as crianças e velhos, numa palavra, o ser humano. Destruir casas daqueles que estão minimamente alojados, quando milhares são aqueles que vivem amontoados ou nas ruas, é no mínimo muito suspeito.

Todos nós somos apologistas do progresso e do ordenamento territorial, mas não há desculpas para isso e é preciso ser duro, para partilhar e pactuar com este plano do governo. De resto, ficou no ar e até aqui não foram respondidas as questões: Quem é que vai ocupar estes locais onde os populares estão a ser compulsivamente expulsos? Porque razões foram passados os títulos de propriedade e as licenças de ocupação ou construção que agora são simplesmente ignorados, cujos outorgantes se tornaram fantasmas?

Para não divagarmos muito e não sairmos do tema que nos traz, recordo que a problemática das demolições, começa desde logo de uma falsa interpretação do Direito das Terras, constante da Constituição, que dita: “ As Terras pertencem ao Estado”. Logo depois, todos nós nos colocamos a questão: “Finalmente quem é este Estado e que lugar ocupa o Angolano neste Estado?” É na confusão propositadamente criada em volta destes dois imperativos patriótico ou constitucionais que o governo advoga toda legalidade que o permite cometer estas atrocidades.

Durante a campanha para as legislativas, em momento algum falou-se aos angolanos da urgência da revisão constitucional que, recorde-se, a que está em vigor, não impede nem inviabiliza de forma alguma o cumprimento normal do ciclo eleitoral. Ora, sendo um sujeito extremamente capital, não obstante a fraude, os angolanos uma vez devidamente advertidos, perceberiam perfeitamente que uma revisão da constituição deveria se fazer inspirada pelo equilíbrio de representatividade parlamentar e não com maioria esmagadora. Nestes moldes que se pretende dar a impressão do equilíbrio consensual e a matriz pluralista pelo facto de supostamente, estar-se a escuta e a recepção do contributo da Assembleia Constituinte e da Sociedade Civil, não deixa de ser um mero exercício de diversão que só serve para caucionar a imposição de princípios e valores aos quais os angolanos inadvertidamente vão ter que se vergar ante as leis que no final serão forçosamente legais, mas que favorecerão apenas algumas pessoas, penalizando a grande maioria.
Naquilo que deu para perceber, os partidos políticos, não fizeram suas campanhas com este propósito, logo os angolanos não estiveram de atalaia. Após a batalha das legislativas, os partidos políticos, incluindo o partido vencedor, estavam preparados para logo depois elegerem um presidente legítimo e legal para Angola. Estas manobras de Revisão da Constituição; eleição do Presidente da República pelo Parlamento ou do linkage que se faz agora entre a revisão da Constituição e a realização das eleições presidenciais, é tudo porque se temia desde então as reacções que adviriam da maioria das populações motivadas pelas demolições que finalmente estavam secretamente planeadas.

O governo age sem parcimónias porque alimenta a lenda daquilo que muita gente diz: “O povo tem memória curta. Amanhã este mesmo povo será o primeiro a votar a favor do governo que hoje o maltrata”. Mas, estou convicta que o angolano também está a evoluir em consciência o que me permite dizer que já não vai aceitar num porvir a imposição daquilo que não o interessar. O povo está maduro; mesmo o camponês da aldeia mais recôndita, hoje sabe o que quer, amanhã muito mais e já não votará apenas por emoção. Contudo, cabe a cada angolano consciente, relembrar no futuro os factos deste presente dito de paz civil e tranquilidade social.

A sociedade civil, as associações e outros agentes sociais, culturais ou religiosos interventivos, é certo nunca baixaram os braços, mas poderão pecar ou ver seus esforços tão cedo caírem por terra, se as acções de contestação não se fizerem acompanhar em simultâneo da pedagogia permanente sobre os valores de cidadania onde cada cidadão angolano vai conhecer que afinal o Estado e o Governo têm muito mais obrigações para com ele do que vice-versa. Cada angolano terá de saber o que é que ele independentemente tem direito como angolano, para que não seja outros tantos os primeiros a alertá-lo das injustiças que ele sofre, mas sim, a sua própria consciência impulsioná-lo para dizer “Não” ao castigo que lhe é impingido. O que acontece agora e não deixa de ser preocupante, é que muitos são os angolanos que sofrem piores privacidades e imundas perversidades, mas acomodam-se no “Não faz mal”, facto que levou em muitas ocasiões líderes políticos se interrogarem se vale mesmo a pena sacrificar-se por este povo.

Quero dizer que vale sempre a pena. Como se tem dito: “Uma pessoa avisada, vale por duas”. Ou por outra, como sabemos, até uma pessoa instruída precisa de estar informada e actualizada para se certificar de que o que realiza está correcto e dentro das normas.

O problema maior, é que o povo pensa que, o que o governo deve fazer por ele, desta feita o governo do MPLA, é um favor e não uma obrigação. O povo não sabe que desde o Presidente da República passando pelos agentes que servem o Governo estão nas instituições ao serviço do povo, que o dinheiro que usam como salários ou noutros gastos, é dinheiro do povo e não do MPLA. O povo ignora tudo isso, ignora que a casa que lhe é dada, é um direito. Daí o apelo que faço: é preciso incentivar muito mais as campanhas de sensibilização a todos os cidadãos por formas a conhecerem os direitos cívicos que o tornam muito mais cidadão, livre e autónomo. O que a Rádio Ecclesia no seu programa dos sábados de manhã sobre cidadania tem feito, é de elogiar, aquilo parece simples, mas é enorme, ou por exemplo as terças feiras ao cair da tarde na Rádio Despertar quando se fala sobre o papel, a importância e os direitos ou deveres da família no programa Educação Familiar, estes e outros programas análogos que certamente se desenvolvem nas rádios provinciais, ou implementados por associações civis, deveriam ser mais alargados e merecer patrocínio do governo. É a isto que devíamos considerar investimento útil, do Estado para todos os cidadãos. Pois, o cidadão angolano está muito carente de instrução cidadã para ele próprio poder se defender, igualmente das leis injustas. Se os 60 ou 70% dos angolanos não instruídos tivessem noção dos direitos que lhes cabem e dos deveres e obrigações do Estado para com os cidadãos, não seria necessário esforço titânico para organizar uma manifestação pacífica na reivindicação do que por direito é negado ao povo.

Por exemplo, temos escutado por vezes, as pessoas indagarem-se porquê que os povos que sofrem estas demolições ou outras injustiças, não respondem como deviam aos apelos dos responsáveis da Omunga, o senhor José Patrocínio ou do SOS Habitat em Luanda, o senhor Luís Araújo que muito se têm batido pela reposição da justiça e em defesa das populações? - Não tem outra resposta: é mais pela ignorância dos populares sobre os preceitos básicos de cidadania que acabo de citar.

Estamos de parabéns, os Estados Unidos pela senhora Hillary Clinton, acabam de deixar um fundo para o combate ao SIDA. Obrigada, mas estaríamos muito mais felizes se houvesse o mesmo empenho também por parte do nosso governo no combate a miséria; no combate ao saneamento básico, causa primeiro do paludismo muito mais mortífero; na solução da falta gritante de água potável, responsável pela cólera e causadora de muitas mortes; na superação da falta de energia eléctrica que nenhuma justificação é aceitável; no combate à delinquência que provoca o terror e instaura a dúvida no seio das pessoas mais atentas. Portanto, temos problemas elementares que uma vez resolvidos evitaria as milhares de mortes precoces que se registam todos os santos dias no nosso país. O governo tem muitas coisas primárias com que se ocupar e não demolir casas dos pobres para no lugar construir palácios ou vivendas luxuosas que servem de terceira estância para algumas pessoas afortunadas.

Logo, antes de esvaziar o que trouxe sobre as razões e os efeitos das demolições, gostaria falar também de um outro sujeito que se interliga ou que pode mesmo arbitrar o conflito entre o governo e o povo. Faço referência aos valores democráticos. É preciso não só defender, mas acima de tudo iluminar a todo o custo estes valores, sem os quais a governação se torna amorfa.

Falar de Democracia é falar do respeito, é um exercício que, contrariamente ao que muitos pensam, não se aprende unicamente nas universidades ou nas lides politicas. A cultura democrática, começa no mesmo momento que começamos a engatinhar, desde os primeiros passos. Democracia é a regra básica de convivência harmoniosa entre vários seres. Aquilo que hoje politicamente chamamos democracia, não é outra coisa senão as boas maneiras de convivialidade.

Quando somos crianças, em casa, na escola ou na igreja, aprendemos desde logo o “bom dia papá”, “boa noite mamã”, “muito obrigada mano”, “dê-me licença, por favor”. Quem assim cresceu, não tem dificuldades de adoptar a Democracia. Infelizmente, grande parte dos nossos compatriotas, concidadãos que hoje enche as ruas, nasceu nesse tempo em que os valores morais ficaram sacrificados, submissos aos deveres revolucionários e aos caprichos políticos, cujos objectivos eram o de transformar o homem num simples instrumento de luta e a família numa organização abstracta.

Sem dúvida, a perda destes valores morais, influenciou negativamente para a falta de educação que verificamos existir um pouco por todo o lado.

O respeito ao próximo, o amor ao próximo, a solidariedade e a compaixão são os pilares de sustentação de qualquer sociedade, é o que se deve aprender desde as casas dos nossos pais por mais pobres que sejam. Se cultivássemos estas premissas, cada um de nós quando fosse lançado para uma operação como das demolições, deveria primeiro fazer um apelo a sua própria consciência e interpelar quem o estivesse a ordenar. Como em Angola a pseudo Democracia não conseguiu ainda substituir o respeito, não se tornou cultura como imperativo de sociedade, claro que as dificuldades na aplicação das leis ou das directivas que são baixadas, vão criar assim atropelos.

Também se o popular soubesse que a Democracia permite que as pessoas em cargos de poder possam ser substituídas sempre que não estejam a exercer as suas funções com competência, profissionalismo e dedicação, teriam uma melhor noção da importância das eleições e do seu voto. É preciso lembrar permanentemente às pessoas que a Democracia permite também, que todos aqueles que tenham formação adequada possam concorrer em posição de igualdade de circunstancias para funções que, sem a Democracia estariam reservadas só àqueles que estão junto dos donos do poder ou que forçosamente pertençam ao MPLA.

Quando apelamos a necessidade de multiplicar as campanhas de sensibilização ao mesmo tempo que se luta contra as injustiças, é para que todo o cidadão desde pequeno saiba que a Democracia tem um valor inestimável porque permite a igualdade de todos nós, instruídos ou iletrados, pobres ou ricos na escolha de quem nos deve representar num determinado cargo, desde o de Presidente da República. A Democracia permite que se faça essa escolha livremente e sem medo de quem quer que seja.

Eis o porquê que nisso tudo é urgente passar-se a mensagem para todos terem a noção exacta da importância extrema da alternância do poder. Todo o cidadão na idade de votar e não só, deve saber que a grande vantagem da alternância do poder no quadro da Democracia é a de, o cidadão poder ele também exonerar aquele dirigente que para ele trabalhou mal e experimentar outras propostas que outros dirigentes trazem para a solução dos problemas que o impedem de ser livre e feliz.

Quando a grande maioria tiver esta noção, os dirigentes por mais valentes que sejam, terão também eles medo de partir para demolir sem justa razão às casas dos pacatos cidadãos. Pois saberão que não só deixarão os cargos que ocupam, como poderão prestar contas com a justiça. Isso só não acontece agora porque quem manda em Angola é o MPLA. É preciso enviar constantemente a mensagem que Angola não se resume ao MPLA. A sociedade angolana sois todos vós, valorosos quadros, desprezados, cada um com suas aptidões que pode fazer tanto ou melhor para a felicidade dos angolanos.

Vêm aí as eleições presidenciais, mais uma oportunidade para o povo poder se livrar daqueles que o oprimem e que todas as vezes que estão nas vésperas das eleições aumentam o pacote de promessas que uma vez terminadas essas eleições, deitam todas as promessas para o lixo e continuam a cumprir com o programa que têm traçado a seu benefício. Para se acabar com todo este sofrimento que se repete sempre, e evitar-se arrependimentos desnecessários, devemos votar bem.

Para terminar e sem qualquer pretensão discriminatória, permitam-me que renda homenagem e todo o meu respeito a todas as mulheres, em particular as mães que sofrem todos os dias, que estão na zunga, que são corridas e chicoteadas pela polícia com os bebés às costas; mulheres que carregam consigo o pesado fardo de ser mãe e por vezes chefe de família, mas corajosamente continuam a distribuir Amor, a Fé em Deus e em Nosso senhor Jesus Cristo.

Estou convosco nesta manifestação de repúdio as injustiças e demolições.

Deus Abençoe Angola

Luisete Macedo Araújo

Blog :http://www.luisetearaujo.blogspot.com




Comentário: Luisete Araújo, meteu o dedo na ferida em todos os males que amaldiçoam Angola e os angolanos.Naturalmente, que as partes interessadas na reconstrução e «saque» de Angola, não apoiarão este dicurso.Alguns, até serão capazes de considerá-la «louca» e desprepositada (caso de Hilary Clinton).À procura de protagonismo.Mas se todos os angolanos que amam Angola e estão de boa fé relativamente aos acontecimentos, certamente encontrarão neste discurso, razões e linhas de orientação consentâneos com os seus desejos e sonhos para Angola, na procura de um caminho verdadeiramente democrático para todos.

Esperemos, que os lobies Blog : luisetearaujo.blogspot.com
estabelecidos que movem os interesses entre os parceiros, o partido no poder e o presidente da nação, não tentem «SILENCIAR E CAMUFLAR» a verdade, fazendo uso da mentira, para continuarem a governar (encher os bolsos) em prol de uma minoria (10%), prejudicando e hipotecando o futuro de uma maioria (90%) dos angolanos a longo prazo.

Esperemos, que antecipadamente não façam a « folha» a esta mulher, como recentemente aconteceu com uma deputada e o respectivo irmão.À posteori o móbil deste duplo homicídio, apresentado pelas autoridades e fobia partidária no poder, recaiu sobre «assalto com intenção de roubar».Em pouco espaço de tempo (coisa rara), foram apresentados uns culpados, cujo os contornos das provas, são ainda duvidosas, contraditórias e omissas.Tentativa de tapar o sol com a peneira para sossegar os adeptos do partido no poder.Se eles internamente, conseguem matar-se uns aos outros. Imagine-se, o que poderá acontecer aos que lhe fazem oposição.
Inclusive o presidente da República, para prestar as devidas condolências à família enlutada, sentiu a necessidade de camuflar-se entre o povo, abdicando do aparatoso esquema de segurança que habitualmente usa, quando se ausenta do palácio construído pelo antigos colonizadores.Quem tem o cú e a consciência pesada, tem medo.

Cuidado com eles.Eles podem estar camuflados e a coabitar o mesmo espaço.

A Luisete Araújo, endereço o meu apoio e solidariedade na sua luta.

Estamos juntas !

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

China em África - Exploração Sul-Sul?


Fonte: mwglobal.org

Servaas van den Bosch

WINDHOEK - É domingo, por volta das cinco horas da tarde, quando o carpinteiro Thomas Haimbodi deixa o trabalho. Está à espera da carrinha que o vai levar, juntamente com os colegas, do local de construção – o prédio de escritórios do novo Ministério da Terra e Reintegração em Windhoek – para Katutura, cidade dormitório nos arredores da capital da Namíbia.
“Trabalho nove horas por dia, sete dias por semana”, disse Haimbodi. “Nem todos nós fazemos isso, mas eu preciso de trabalhar horas extraordinárias”. Os empregadores chineses encorajam essas horas de trabalho terríveis. “Ele oferece um acordo informal que é um pouco mais do que o salário normal”. No caso de Haimbodi, “normal” são 10 doláres por dia.

A maioria ganha muito menos do que isso, mas a chocante taxa de desemprego da Namíbia, rondando os 40 por cento, torna difícil dizer não a qualquer tipo de trabalho.

O empregador de Haimbodi, a China Nanjing International, tem orgulho em oferecer “Construção de Qualidade para o Desenvolvimento Nacional”, segundo um grande cartaz no local de construção.

Contudo, as companhias de construção namibianas locais levaram a Nanjing International a tribunal devido à adjudicação de um contrato governamental de 8.7 milhões de doláres que acreditam ter sido concedido incorrectamente – não tendo, porém, conseguido obter quaisquer resultados positivos.

“As companhias estatais chinesas (CECs) eliminam as companhias locais porque desrespeitam a legislação laboral”, explicou Herbert Jauch, do Instituto dos Recursos e Pesquisa Laboral da Namíbia (LaRRI). Ele é co-editor de um estudo sobre os investimentos chineses em África e o seu impacto no mercado de trabalho, estudo esse que vai ser publicado brevemente.

O estudo revela que os efeitos laterais da política de “Olhar para o Oriente”, que muitos países africanos adoptaram, é alarmante.

Dez países da África Austral participaram no estudo, elaborado pela Rede de Investigação sobre a Mão-de-Obra Africana (ALRN). “No caso da Namíbia, descobrimos que, em 2008, a maior parte das companhias de construção chinesas pagava 35 cêntimos do dólar por hora aos trabalhadores, enquanto que o salário minimo nacional neste sector é um dólar”.

Segundo Jauch, quase 70 por cento dos grandes projectos de construção são controlados por companhias chinesas. “Frequentemente não têm a documentação necessária, como os certificados de igualdade de trabalho, mas continuam a receber valiosos contratos”.

Os investigadores africanos lamentam a perda de empregos que resulta do uso de um grande número de trabalhadores chineses em projectos de construção no continente, assim como a concorrência causada pela importação de produtos baratos “nas lojas chinesas”.

Os investigadores explicam que a “China deu importância aos benefícios políticos e económicos e apresentou-se como parceiro económico atraente e amigo político”.
“Para os governos africanos, isto representou numa alternativa ao chamado ‘consenso de Washington’, sendo agora intitulado ‘consenso de Beijing’, isto é, apoio sem interferência em assuntos internos”.

O estudo revela que os investimentos chineses em África estão concentrados em sectores como energia, mineração, manufactura, construção, retalho e sector financeiro. Os principais alvos são a África do Sul, Egipto, Nigéria e Gana.

A China é o terceiro maior parceiro comercial do continente, depois dos Estados Unidos e da França. Porém, África absorve só três por cento do investimento externo directo chinês.

No terreno, os investimentos chineses têm causado problemas.

“Existe um padrão de práticas laborais injustas, falta de cumprimento dos regulamentos locais, violação de convenções internacionais, violações de práticas bancárias e regulamentos cambiais, salários baixos e uma completa ausência de benefícios e de contratos”, disse Jauch à IPS.

A China oferece incentivos atraentes aos governos de forma a conseguir que os mesmos abram as portas ao investimento. Por exemplo, o volume do comércio entre a Namíbia e a China é de 400 milhões de doláres mas, acima deste montante, o Presidente chinês, Hu Jintao, concedeu um empréstimo de 100 milhões de doláres ao país, e ainda uma linha de crédito no valor de 72 milhões de dólares.

Em troca dessa ajuda destinada ao desenvolvimento, explica Jauch, o governo chinês tem fácil acesso aos mercados africanos – algo que precisa agora mais do que nunca.

‘‘A situação de desemprego na China, exacerbada pela crise do crédito, resulta no envio, pelo governo china, de um grande número de trabalhadores para o estrangeiro”, explica Jauch. “Estes trabalhadores normalmente ganham mais que os seus congéneres africanos”.

O estudo sobre o caso namibiano menciona rumores persistentes de prisoneiros chineses que são transferidos para trabalharem em projectos em África.

O proprietário de uma companhia de construção, que fala Oshiwambo, confirmou esta situação à IPS. “Temos dificuldade em obter empregos do governo, ao passo que os chineses usam barcos para transportarem contentores cheios de prisoneiros para trabalharem em projectos públicos”.

No local onde Haimbodi trabalha, em Windhoek, existem 15 capatazes, todos chineses. “A comunicação é um grande problema”, queixa-se Haimbodi. “É uma mistura de inglês mal falado e gestos. Claro que, quando nos insultam na sua própria língua, percebemos a mensagem”.

Haimbodi e os colegas queixam-se dos baixos salários, da ausência de sindicalização, de relações laborais tensas e da falta de vestuário protector adequado. “Olhem para os pés deles”, diz Haimbodi quando se refere aos colegas. “Usam sandálias abertas”.

Hou Xue Cheng é dono de uma loja na cidade chinesa localizada na zona industrial de Windhoek, onde vende legumes produzidos na sua exploração agrícola situada fora da cidade. Segundo ele, os seus 20 trabalhadores namibianos ganham perto de 50 doláres por mês. “Não há qualquer problema, estão contentes”, insiste.

A legislação namibiana não contempla um salário mínimo.

Hou não concede contratos. “Frequentemente, os trabalhadores roubam e isso é um grande problema. Tive de contratar seguranças. Se as pessoas tiverem contratos, podem apresentar queixa ao comissário do trabalho. Eu não quero isso. Se alguém roubar, é despedido. É tão simples quanto isso”.

Além dos legumas, a loja de Hou vende de tudo, desde produtos para cabelo até bebidas alcoólicas – todos os produtos com rótulos em cantonês e cuidadosamente acondicionados em filas de prateleiras.

Este proprietário acredita que os namibianos não são muito produtivos. “Vão cedo para casa no fim de semana mas nós ficamos aqui, sete dias por semana até as oito da noite. É necessário porque as pessoas trabalham durante a semana e querem fazer compras no fim de semana”.

Jauch contesta estas opiniões acerca da produtividade. “Um estudo do Banco Mundial de 2007 mostra que os trabalhadores namibianos estão bem colocados a este respeito na África Sub-Saariana”.

O facto de os produtos e serviços chineses terem virtualmente acesso ilimitado aos mercados africanos é uma “contradição”, se se tomar em consideração as difíceis negociações referentes a um acordo de parceria económica (EPA) com a União Europeia, sustente Jauch.

“Aquilo que está a ser promovido como comércio sul-sul são, de facto, práticas altamente exploradoras. Os chineses têm a oportunidade de jogar este jogo a seu favor”.




Comentário: Os países africanos que estiveram sujeitos à colonização dos europeus, queixavam-se que eram explorados e maltratados.Com a descolonização era de esperar que este tipo de queixas deixasse de existir.Só que, a China, é uma potência, que não dorme em serviço.Está sempre, à espreita de uma oportunidade para meter o bedelho. Principalmente em países africanos com democracias de fachada e frágeis, onde a China sabe, como e onde, deve actuar, para tornar-se na principal potência colonizadora da nova era.

Não é de estranhar este tipo de lamentações, para além de ser um grande problema de difícil resolução a curto prazo.A China, é uma praga.Um mal, que diz vir por bem, quando se trata de dominar o mercado mundial, nomedamente na exploração e na cobiça das riquezas naturais dos países invasores, como por exemplo, os minérios.

África, uma bomba chinesa, pronta a explodir.Que ninguém tem a coragem suficiente para carregar no botão e accionar a explosão.A China, é um parceiro de respeito e temido, pelas razões que são sobejamente conhecidas.

África, continua a caminhar no mesmo rumo que sempre rumou.O rumo, da perdição de uns e de outros.Da pobreza e da ganância.


sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Angola, "falida", porém "exitosa"

Fonte: O Observador de Angola

Que espécie de Estado é Angola? O que o levou a isso? E quais são as suas perspectivas futuras? Estas são as questões-chave exploradas por David Sogge em seu último artigo, Angola – “Failed”, yet “Successful” publicado pela FRIDE (Fundación para las Relaciones Internacionales y El Dialogo Exterior).O relatório argumenta que a Angola actual não deve ser somente compreendida como produto de forças e processos internos, mas na mesma medida como produto do envolvimento e intervenção ocidental ao longo de 500 anos. “Actores externos armaram o palco e ajudaram a alimentar quatro décadas de guerra e cataclismos econômicos”, sinaliza Sogge, acrescentando que “(Angola) ilustra o poder da indústria do petróleo e das elites nacionais que dependem dela para corromper e minar a legitimidade de qualquer sistema político em que encostam”. “A riqueza oriunda do petróleo tende a prolongar e estabilizar regimes autocráticos”.Sua perspectiva é que a economia angolana é direccionada para servir os interesses de uma elite local e de interesses estrangeiros. Ele afirma que cinco das oito maiores corporações mundiais estão altamente envolvidas em Angola, empunhando um poder financeiro e econômico lá e nas “estruturas geopolíticas nas quais Angola está inserida”. Ele assegura que as reservas de petróleo e gás conhecidas em Angola são relativamente modestas e que o boom do petróleo provavelmente terá passado até 2020. O modelo actual de desenvolvimento é, portanto, uma bomba relógio accionada”.No que diz respeito ao futuro, “actualmente o Estado angolano é mais forte do que era de ser esperado, tendo repelido uma séria de tentativas de golpes, conseguindo ampliar sua base política e consolidar-se como uma autocracia estável. Porém a administração e serviços públicos permanecem fracos e mal distribuídos”, afirma Sogge. “Enquanto incentivos estrangeiros poderosos e mal regulamentados continuarem a moldar as motivações das elites e visões do futuro de Angola, as perspectivas de transformação – visão ampla do desenvolvimento, autonomia do Estado frente aos interesses especiais, burocracia efectiva e uma classe empreendedora – não parecem boas”.

O autor visualiza algumas possibilidades ligadas ao fim do boom do petróleo, à crise económica global e às organizações locais preenchendo espaços que poderão emergir para exigirem um governo mais transparente e responsável.



Comentário: Uma sugestão de reflexão para o período das férias.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Luanda é um luxo para poucos

VISTO DE FORA

por Bruno Garschagen, Publicado em 29 de Julho de 2009


A revista "Foreign Policy" saudava Angola por seu "espectacular crescimento económico". Estive em Luanda no final da semana passada e o que vi foi um estado policial e muita miséria

Você reconhece essa nação? O título da publicidade em formato de reportagem que a revista "Foreign Policy" publicou em sua edição de Maio/Junho saudava Angola por seu "espectacular crescimento económico". Por sua segurança e estabilidade política. Por seu poder regional para promover a paz. Quem pode duvidar de um país turbinado pela indústria petrolífera?

Estive em Luanda no fim da semana passada para uma série de encontros pelo OrdemLivre.org, o programa lusófono da Atlas Economic Research Foundation em parceria com o Cato Institute. É a cidade mais cara em que já pus meus pés. Não há calçadas para pôr os pés. Não há espaços nas ruas para tantos carros. Os veículos novos e importados driblam o tráfego intenso e a miséria que bate nos vidros em busca de clientes para produtos chineses de marcas famosas. Ou de uma mera esmola que drible a fome. Luanda parece recém-saída de um terramoto.

Construções decadentes são a moldura trágica para os poucos prédios novos e para as construções em curso. O lixo espalha-se no chão como folhas da relva. A cidade cheira mal. O transporte público é precário. Autocarro é um luxo reduzido e irregular. Não há táxi. Quem tem dinheiro aluga um carro com motorista. Quem não tem anda espremido em carrinhas lotadas. Ou a pé. Foi o que fiz.

Os pobres de Luanda vagam pelas esquinas. Grupos de homens concentram-se em vários pontos da capital. Os trabalhos disponíveis exigem qualificação. Muitos deles nem sequer sabem ler ou escrever. A taxa de iliteracia é de 32,6%, segundo o CIA World Factbook.

Luanda é um estado policial. É mais simples obter um visto de entrada para a China comunista. Quase mediram meu crânio e contaram meus dentes. No aeroporto, os sempre gentis funcionários da imigração olham com aquele semblante de vampiro esfomeado. No hotel, um formulário do governo solicita-me informações pessoais e objectivo da visita. Um gesto de boas-vindas um tanto excêntrico. A despedida? Guardas no aeroporto confiscaram todas as notas da moeda local. Não, não deram factura.

Estabilidade política? Como não? O presidente José Eduardo dos Santos está no poder desde 1979. Não vejo outra forma de garantir a estabilidade do que se manter no poder durante 30 anos. E daí? Vendo fotos de Luanda na década de 1970 e lembrando o que vi pessoalmente há alguns dias é impossível não pensar nas virtudes da estabilidade adquirida naquele país por aquela elite política.

Parte do país vai muito bem, obrigado. Mora em condomínios fechados afastados da miséria do centro. São os beneficiários do "espectacular crescimento económico" que perverte a ideia de um desenvolvimento cuja riqueza permite que grande parte da população saia da miséria.

O estado angolano exerce o monopólio da actividade económica e decide quem poderá desfrutar das benesses do sector petrolífero. O mercado, lá, não existe. Na lista de 141 países do Índice de Liberdade Económica do Fraser Institute, Angola aparece na penúltima posição. Notável.

As riquezas naturais de um país sob um governo autocrático funcionam como um muro perverso entre o Estado e a sociedade. Se o orçamento do governo não advém da riqueza produzida pela sociedade, a população perde o poder de pressão sobre a elite política. É convertida num estorvo que deve ser controlado.

A população ainda carrega no espírito e no corpo a desolação da guerra civil, encerrada há apenas sete anos. A riqueza exibida pelos poucos é um apelo muito forte entre os jovens desafortunados. É natural que prefiram integrar a elite a lutar por mudanças políticas que beneficiem os indivíduos e não apenas um grupo protegido pelo Estado.

Mas há uma minoria que nos permite alimentar a esperança, mesmo que a longo prazo, de reforma do statu quo. São estudantes, professores, jornalistas, advogados, intelectuais, que trabalham de forma isolada ou articulada para "desprivatizar" o governo angolano. São indivíduos que, no futuro, poderão repetir a mesma pergunta sem qualquer ponta de ironia:

"Você reconhece essa nação?"

Jornalista brasileiro e mestrando em Ciência Política e Relações Internacionais no IEP/UC


Comentário:Sem comentários.Para reflectir...

sábado, 1 de agosto de 2009

Deputada do MPLA e irmão assassinados no Talatona


Fonte: Alberto Bambi

Os dois iam ao óbito de um sobrinho, dias depois de terem enterrado o pai

A deputada Beatriz Salucombo, 54 anos, e o seu irmão, António das Neves, 55, superintendente da Polícia Nacional ao dispor do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), foram baleados por um grupo de desconhecidos na noite de quarta-feira, 29, nas imediações do SIAC, no bairro Talatona, no município da Samba.

Um comunicado da Polícia Nacional revela que o incidente ocorreu quando eram sensivelmente 20 horas e 40 minutos, quando quatro elementos trajados a civil e munidos de armas de fogo do tipo mini Uzi, a bordo de uma viatura de marca RAV-4 de cor azul, com três portas, dispararam contra os dois irmãos que se faziam transportar, na altura, numa viatura de marca Mitsubishi L 200, de cor branca. De acordo com o mesmo comunicado, Beatriz Salucombo foi atingida na região acima da cristã ilíaca direita ao passo que o irmão mais velho, António das Neves, foi baleado na região homotoráxica do lado direito e na perna do mesmo lado. “Na quarta-feira, os meus irmãos estavam juntos e preparavam-se para ir ao óbito de um sobrinho, filho de um primo nosso, mas decidiram passar em casa de uma outra mana para arrumarem umas coisas.
Sei que depois apareceu uma viatura que fechou o carro onde os dois estavam, Alberto Bambi e Dani Costa uma carrinha L 200”, explicou um dos irmãos das vítimas, João Carlos Ferreira. Depois de interpelados, segundo João Carlos Ferreira, os meliantes alvejaram com dois tiros inicialmente a deputada Beatriz Salucombo. Quando se apercebeu dos tiros, o superintendente, que foi atingido primeiro com um tiro no peito, António das Neves ainda tentou chegar ao lado da irmã, mas os seus carrascos baleram-no numa das pernas.
“Foi a minha sobrinha que recolheu os dois (a mãe e o tio) e levoulhes à Clínica Multiperfil. O nosso irmão acabou por morrer. A mana ainda foi submetida a uma operação de emergência para que se retirasse a bala, mas não conseguiu sobreviver. Faleceu a 1 hora da manhã”, desabafou ainda João Carlos Ferreira. O nosso interlocutor realçou que, em nenhum momento, os assaltantes pretendiam roubar a viatura em que se encontrava a parlamentar do MPLA. Segundo eles, retiraram somente a pasta de Beatriz Salucombo e o telefone da única filha desta, Weza Salucombo, que testemunhou “in loco” a morte de sua mãe. Foram os moradores da área que telefonaram à Polícia local, que só apareceu depois de as vítimas terem sido levadas para a Clínica Multiperfil. Segundo eles, a acção dos meliantes foi muito rápida e nem se lembram de terem visto o carro a escapar-se. Tragédia familiar Quando se deslocava à casa da irmã, Beatriz Salucombo e o irmão pretendiam passar a noite no óbito de um sobrinho que falecera alguns dias antes. “Tia Bibi”, como era tratada, regressou recentemente de uma viagem ao Brasil, onde se deslocara para acompanhar uma das filhas que se encontra adoentada. Nas últimas duas semanas, Beatriz Salucombo e António Neves estiveram na cidade de Saurimo, província da Lunda-Norte, para acompanhar os restos mortais do pai à última morada. “Não faz muito tempo que tivemos infelicidade e agora mais esta situação. Não dá para acreditar”, lamentou o nosso interlocutor. A deputada, que por sinal já era viúva, deixou quatro filhos, nomeadamente Vunda Salucombo, Nginga Salucombo, Nguoi Salucombo e Weza Salucombo. Por seu lado, António das Neves era funcionário da Direcção Provincial de Luanda do Serviço de Migração e Estrangeiro SME, onde ocupava um lugar de destaque. “Era um funcionário laborioso. Esperamos que a Polícia Nacional encontre aos autores ou os presumíveis instigadores deste crime”, realçou um alto funcionário da direcção nacional do SME. Bairro perigoso Um dos vizinhos explicou que a casa da irmã da malograda já foi assaltada duas vezes, tendo sido surripiados bens como descodificadores de satélite e uma botija de gás. O segundo assalto ocorreu há pouco menos de dois meses. A deputada e o irmão frequentavam regularmente a casa da parente, de onde chegavam a sair depois das duas horas da madrugada sem nenhum perigo, razão pela qual alguns interlocutores presumam que tenha sido um homicídio programado. O seu irmão, João Carlos Ferreira, disse que nunca teve conhecimento de que a tia Bibi, como era carinhosamente tratada a deputada, estivesse envolvida em qualquer problema que justificasse tal acto, assim como o irmão António das Neves. “Vamos deixar tudo nas mãos da Polícia Nacional, a quem apresentamos as queixas, porque os bandidos só levaram a pasta dela de trabalho e o telefone da minha sobrinha”, referiu o nosso interlocutor. Nos últimos tempos, a criminalidade, sobretudo assaltos à mão armada, violações e roubos, aumentou significativamente no bairro Talatona. Por isso, pedem que a Polícia reforce a segurança naquelas paragens. O maliano Maurice Kolibali, comerciante, disse que a sua loja foi assaltada mais de duas vezes. Segundo ele, “no mês passado, um grupo de jovens entrou na minha loja às 9 horas. Colocaram-me e levaram mais de 45 mil Kwanzas que havia na caixa”, revelou o próprio, explicando que “o segundo assalto ocorreu na semana passada. Os bandidos levaram até o telefone fixo TELO”. “Os bandidos eram todos jovens e trouxeram consigo armas de fogo, para eu não apresentar resistência”, rematou Kolibali.



Comentário: Estão a culpar os Jovens Bandidos, quando por detrás deste cenário, pode(m) estar adultos bandidos influentes(ricos), envolvidos em negociatas obscuras mal resolvidas, que resolveram usar os jovens por encomenda, para resolverem a negociata. É sabido, que a criminalidade, principalmente em Luanda, é elevada, devido às desigualdades sociais.Uns com Excesso de Riqueza(10%), outros com Excesso de Pobreza (90%).Perante este cenário, é normal que por meia dúzia de Kwanzas, os jovens bandidos, aceitem executar o trabalhinho sujo dos adultos bandidos influentes(ricos).A vida está difícil para o angolano e para o calcinha do Kaluanda, que todos os dias olha ao seu redor, e só vê edíficios e outros bens de luxo a erguerem-se e a passarem à sua frente, e ele com os bolsos vazios e esfomeado, deambulando pelas ruas, sem trabalho.Quando o trabalho existe, é mal pago e explorado (lembram-se quando diziam que os portugueses exploravam o angolano.Agora, quem os explora são tantos e está tudo bem...uma maravilha para o angolano bandido influente).O kaluanda, tem que fazer pela vida.Nem que seja roubar o bandido rico.

E se, os jovens bandidos, que acusam, fizerem parte dos 15.000 angolanos recentemente desalojados.

Qual é, o maior crime?

Tirar o tecto a 15.000 angolanos carenciados, ou tirar a vida a dois angolanos priveligeados?

Responda quem souber e puder

(Na resposta, convêm não esquecer a actual condição de vida da maioria do povo angolano/Excesso de pobreza (90%), contra os 10% de uma minoria com Excesso de Riqueza e influência.)

Um dia, o povo cansa-se com tanta injustiça, que o barulho das armas começa a estoirar a «torto e a direito», arrastando vítimas inocentes.

Não se deve tirar a vida a nenhum ser humano.Seja através de actos criminosos, recorrendo às armas de fogo, como não se deve tirar o tecto a ninguém, principalmente às crianças durante a estação do «cacimbo», deixando-as ao relento sem criarem primeiro a alternativa ao derrube do seu abrigo(tecto), recorrendo aos camartelos gigantes.Estão a imaginar o "Terror".O terrorismo, provocado pelos os adultos bandidos influentes(ricos) que estão no poder.E se os 15.000 angolanos resolvem ir tirar satisfações junto de quem de direito, é recebido à paulada e à cacetada.

Bandidos ? Quem ?

Os jovens ? Que sofreram uma guerra, que os empobreceu de valores.A pseuda-democracia de fachada só favorece e protege o adulto bandido influente (rico).

Os exemplos, devem vir de cima.De quem é responsável para criar-lhes as melhores condições de vida a todos os níveis.

Os verdadeiros bandidos, estão ao serviço do poder popular, com assento na assembleia nacional e não têm moralidade para imputar e justificar toda a criminalidade existente aos jovens.

Na volta, os bandidos, têm tanto de criminosos como as vítimas do crime.