Fonte: o apostolado
A direcção da Rádio Nacional de Angola (RNA) cancelou o contrato com o seu principal analista político, o jornalista sénior Victor Silva, por alegada «fuga à linha editorial».
De concreto, explicou o jornalista ao Apostolado hoje, a emissora pública discordou com a sua abordagem da nomeação dos governadores de província e vice-ministros, cujos decretos foram publicados pela Presidência da República na sexta-feira,10 de Outubro em curso.
Em resposta à pergunta do jornalista Amílcar Xavier, da RNA, Victor Silva teceu considerações gerais, além de especificar as suas impressões à volta de quatro nomeados: - Valentina Filipe, Abraão Gourgel, Amaro Tati e Syanga Abílio.
A primeira ficou vice-ministra das finanças, situação que surpreendeu tendo em conta o destaque da sua figura no controverso saldo da dívida interna.
O segundo manteve-se como vice-ministro da indústria, facto que admirou, também, o jornalista, perante as suspeitas lançadas sobre a gestão das verbas para a reconstrução da província de Uige, que Gourgel coordenara.
Em relação a Tati, que passou de governador da província de Bié, onde o MPLA conseguiu uma retumbante vitória eleitoral sobre a UNITA, o jornalista considerou-a como uma despromoção.
Teve opinião análoga sobre a exoneração do engenheiro Syanga Abílio, do posto de administrador da poderosa Sonangol. e a sua nomeação para vice-ministro do Ambiente.
Para a direcção da RNA, lamentou o jornalista, aparentemente, estas nomeações, por serem presidenciais, não podem sofrer qualquer discussão, porque o seu serviço público consiste somente em louvar tais decisões.
Victor Silva explicou que recebera, na manhã desta sexta-feira, a notificação formal da decisão da emissora pública.
Jornalistas Amílcar Xavier e Andeiro João
Em verdade, a medida foi revelada anteontem pela representação da Voz da América em Angola (VOA) em primeira-mão em termos, ainda, na altura, de rumores.
Na altura, a VOA anunciou que a RNA resolveu suspender, igualmente, toda a equipa que esteve em serviço naquela edição. Ou, seja: o jornalista Amílcar Xavier, que actuou na condição de entrevistador, e o editor do programa de opinião, Andeiro João.
Por enquanto, a direcção da RNA e os visados fecharam-se em copa, pelo que o esforço continua a ser envidado para obterem as suas reacções. O Apostolado levará de imediato estas reacções ao conhecimento dos seu leitores mal as conseguir.
Contextualizando a ocorrência, VOA frisou que Victor Silva, também director do Novo Jornal, destacou-se nos últimos meses como comentador da RNA para os assuntos da política doméstica.
Os seus comentários centralizaram-se por conseguinte sobre o processo eleitoral que culminou com a vitória qualificada do MPLA nas legislativas de 5 de Setembro.
Retrospectiva
É pela segunda vez em menos de três anos que o ministro da Comunicação Social, suspende a participação de um colaborador nos programas da RNA, recordou, ainda, a retrospectiva dos antecedentes.
A primeira recaiu sobre o comentador desportivo, Zeca Martins, depois que questionou a suspensão do Gira Bola por causa das festividades referentes ao aniversário do Presidente da República.
Em relação aos quadros internos, o principal pivot da TPA, Ernesto Bartolomeu também foi «agraciado» com uma suspensão de seis meses por ter denunciado, durante uma acção formativa, que havia censura institucional na TPA.
À Ecclesia, ontem, Bartolomeu sublinhou a vontade de retomar o trabalho dentro em breve.
Mau augúrio
«É de mau augúrio para a nova legislatura este tipo de medida», reagiu o jornalista Siona Casimiro, de Repórteres Sem Fronteiras (RSF), abordado pelo Apostolado.
Acrescentou que «as forças vivas da Nação, convém condenem esta decisão com veemência. Senão, os burocratas do regime vão convencer-se cada vez mais que chegou a hora, com a confortável vitória do MPLA, restaurar as práticas do partido único.»
«Comentar os actos presidenciais a jusante ou a montante faz parte, sim, da vertente analítica da missão do jornalista», rematou.
Comentário: Pegando em considerações como: «Comentar os actos presidenciais a jusante ou a montante faz parte, sim, da vertente analítica da missão do jornalista». ou « estas nomeações, por serem presidenciais, não podem sofrer qualquer discussão, porque o seu serviço público consiste somente em louvar tais decisões».
Pouco ou quase nada haverá para comentar, uma vez que o marketing da democracia usada pelo MPLA como bandeira, encabeçado pelo Presidente da Nação, durante a pré-campanha e campanha eleitoral, não passou de uma FACHADA.De um isco lançado ao voto popular.A democracia em Angola, enquanto estiver entregue ao MPLA, será uma ditadura camuflada.Prática usadas pelos partidos únicos."Eu quero, posso e mando"
Quem se atrever a julgar, comentar, opor-se etc e tal, sofrerá as consequências.
A melhor atitude a tomar em situações semelhantes, será a da "bajulação" concordando com tudo e todos, e se necessário agradecer com vários "amen".
Eleições em Angola livres, justas e democráticas ?
Só em miragem, ou com golpes de manipulação de dados à mistura.
O tempo irá dar as suas respostas, quanto à mudança das mentalidades e de democracia do MPLA.É uma questão de tempo e de espera.
Malembe, malembe !!!
Sem comentários:
Enviar um comentário