Defenitivamente, os taxistas de Luanda passaram a cobrar 100 kwanzas por corrida.
Uma subida anárquica significativa no custo de vida da esmagadora maioria de trabalhadores da capital, que pouco contam com os transportes públicos.
Um dos percursos mais dolorosos é sem dúvidas Luanda/ Viana.
Os utilizadores contaram ao Apostolado que acordam às três da manhã, para chegar entre 6 e meia e 7 horas no local de trabalho.
“ Não está fácil morar em Viana e trabalhar em Luanda ou vice-versa. Temos que acordar muito cedo para evitar engarrafamento e apanhar entre 4 a 5 táxis, que agora estão todos a 100 kwanzas” – resmungava Marcelina Naquinta, residente no bairro caope de Viana.
A nossa entrevistada conta que “ gasto entre 1000 a 1200 kwanzas de táxi todos os dias, desde que entrou em vigor o novo código de estrada, porque os taxistas dizem que passaram a ter mais custos”.
Naquinta é pasteleira em Luanda e ganha 25 mil kwanzas, salário que, segundo ela, “ fica todo nos táxis e por isso acho que só venho passear todos os dias em Luanda. Estou a pensar em abrir a minha própria pastelaria mas, lá está, terei que vir muitas vezes ao Roque Santeiro, onde costumamos comprar a maioria dos produtos”.
O relato é extensivo a outras rotas como Cacuaco/Luanda, Benfica Luanda ou Samba/Luanda, onde os engarrafamentos infernizam a vida e as expectativas de quem trabalha ou procura algo para sobreviver.
E, o que anima nas viagens de táxi, em Luanda, são as anedotas contadas pelas nossas rainhas “zungueiras”, que assim diluem a tristeza numa alegria simulada, porque difícil de esquecer são as crianças que as costas lembram, sem saber quando regressar à casa.
Diz Domingos Alberto, do Benfica, que “Luanda está a ultrapassar as medidas. As obras demoram muitos anos, os engarrafamento aumentaram, não se vê a prestação dos novos autocarros e os candongueiros estão insuportáveis. O que me dói é que o Governo é que o Governo também parece que colabora. É só ver que eles não criaram condições e fizeram um código de estrada nesta altura”.
São críticas e observações que se multiplicam por cerca de 25 mil táxis legais e ilegais que circulam na cidade.
O custo de vida subiu reflectindo-se no rendimento das famílias. Coisa para dizer que Luanda está de pedra e cal na liderança das cidades mais caras do mundo, sem que tal signifique uma qualidade na vida dos citadinos.
Um balanço imediato indica-nos que pelo menos um trabalhador que gasta cerca de 600 kwanzas diários em transportes e outros 700 em alimentação ( daquela da esquina), tem na sua conta de 22 dias úteis 28.600 kwanzas, superior ao salário da nossa pasteleira.
Uma questão para o Conselho de Concertação Social.
Comentário: Pois é, o povo reclama, barafusta, mas não vai adiantar nada, tão sómente, porque foi esse mesmo povo que votou maioritáriamente naqueles que pretendem continuar a sacar e vão fazendo leis sem criarem primeiro as condições para serem aplicadas.Todos ao molhe e fé em Deus, que o povo é que decidiu e deve ser respeitada a sua vontade e o destino da sua escolha.É mesmo coisa para dizer, Luanda e Angola vão continuar andar na boca do mundo pelas boas e pelas más razões.Os novos ricos felizes da vida e recomendam o país, o pobre infeliz, reclamando e tentando fugir dele(país).
Os meninos de angola, que por sinal até são da minha vizinhança, são dois jovens angolanos com formação superior tirada em Portugal, quando se fala em Angola e nas oportunidades que actualmente ela apresenta para eles, tão sómente respondem:
- Ir para Angola, só de férias!!Nós estamos tão bem aqui.Temos emprego, casa, carro e somos reconhecidos.Se fossemos para lá, tínhamos que ser estrangeiros ou andar atrás das cunhas (influências) para conseguir ter um lugar ao sol (emprego) capaz de garantir as despesas exigidas pelo nível de vida praticado.
Eles, é que são espertos.Não se deixam enganar pela lenga-lenga politqueira nem cegar pelas estrondosas obras de reconstrução, onde só, uma minoria com um nível de vida BASTANTE ELEVADO, consegue viver, misturando luxos com lixo e degradação, contibuindo e ajudando a publicitar o marketing das empresas internacionais que eles representam e o poder político que lhes facilita esse nível de vida, atirando cada vez mais, com o pobre povo angolano para a fossa.Fossa, é também coisa rara em Angola.Um luxo para o pobre que conseguir obtê-la.
1 comentário:
Fala-se muito da economia saudável do nosso país, mas para onde vai o produto de tal economia? Dizem, que o petróleo já está a subir, mas vai ser mais um entrave à necessária diversificação da nossa economia, "a agricultura é a base, a industria o factor decisivo" dizia-se na altura do partido único, mas que nunca foi levado à prática.
Seria melhor olhar para a qualidade de vida dos milhões de habitantes dos nossos miseke(plural de museke em kimbundu), comparada com as centenas de habitantes dos condomínios de luxo, como muitos dizem, "0 luxo na miséria).
Falta de água, de luz, de medicamentos, a fome, a miséria,as
doenças que nunca mais acabam, tudo isto é o pão nosso de cada dia. E o trânsito infernal a população a andar a pé ao lado das estradas, ao calor, ao pó, á procura de algo para comer, enfim, será possível viver assim por muito mais tempo. A miséria traz convulsões sociais, as desigualdades no emprega e no modo de vida entre estrangeiros e angolanos pode levar à xenofobia.
Esperemos que não, a esperança é a última a morrer, dizem os filosofos, mas com estes, pode o Povo angolano muito bem,o problema é a vida miserável que leva.
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