terça-feira, 8 de julho de 2008

Betancourt grava mensagens pedindo que guerrilheiros desertem

BOGOTÁ (Reuters) - "Ei, guerrilheiros, aqui quem fala é Ingrid Betancourt. Para vocês que estão me ouvindo, se a vida de seus comandantes foi respeitada, a de vocês também será caso deponham suas armas".

Essas palavras dão início a uma das mensagens que a ex-candidata à Presidência da Colômbia Ingrid Betancourt gravou e que serão transmitidas através de helicópteros em sobrevôos sobre áreas de mata do sudoeste do país.

Betancourt, 46 anos, viveu por mais de seis anos na região após ser sequestrada pela guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Ela foi resgatada pelo Exército colombiano junto com três norte-americanos e 11 membros das forças de segurança do país, em uma operação militar na qual não se disparou um único tiro.

A ex-candidata franco-colombiana era a refém mais importante das Farc, que tentavam trocar 40 de seus cativos por 500 rebeldes presos.

"Ei, guerrilheiros, aqui quem fala é Ingrid Betancourt. Quero que recuperem sua liberdade como aconteceu comigo. Estarei esperando por vocês aqui", diz em outra das mensagens, essa acompanhada pela música "Estoy aquí", da cantora Shakira.

O grupo rebelde afirma lutar pela adoção de um sistema socialista neste país de mais de 44 milhões de habitantes marcado por profundas desigualdades sociais. As Farc continuam com 25 reféns de caráter político, além de centenas de pessoas pelas quais o grupo exige o pagamento de resgates.

Na operação militar, o Exército capturou Gerardo Antonio Aguilar, conhecido como "César", e Alexander Farfán, conhecido como "Gafas".

Os dois guerrilheiros eram os responsáveis, havia anos, por organizar o esquema de vigilância sobre os 15 reféns resgatados, muitos dos quais mantinham acorrentados e que submetiam a um tratamento humilhante.

RECUPERANDO A HONRA E A LIBERDADE

Apesar das Forças Militares da Colômbia terem localizado mais de 50 guerrilheiros que faziam parte do grupo encarregado de vigiar a ex-candidata e os outros 14 reféns, o presidente colombiano, Alvaro Uribe, deu ordens para que não fossem atacados.

O governo argumentou ter tomado essa decisão como prova de que respeita os direitos humanos e para evitar represálias contra os que continuam em poder da guerrilha. O gesto foi elogiado por Betancourt.

"Eu estou esperando por vocês. Nós lhes asseguramos que as coisas vão melhorar para vocês, que vocês vão recuperar suas famílias, sua honra, sua liberdade", disse a ex-candidata em outra das mensagens.

Betancourt também gravou mensagens para serem transmitidas por rádio e TV, afirmou o Ministério da Defesa.

O governo Uribe, com o apoio dos Estados Unidos, mantém uma ofensiva militar contra as Farc, o que obrigou o grupo a realizar uma retirada estratégica e permitiu ao Exército e à polícia recuperar o controle sobre amplas áreas de montanha e de mata antes dominadas pelos rebeldes.

A estratégia das forças de segurança, que incluiu um aumento do orçamento militar, do número de membros da ativa e das recompensas pagas, provocou uma redução no número de sequestros e de ataques contra obras de infra-estrutura do país.

Além disso, o sucesso da investida militar vem sendo apontado como um dos fatores do crescimento da economia e do volume de investimentos estrangeiros.
O governo criou ainda um programa de deserção por meio do qual oferece benefícios jurídicos, acesso ao sistema público de saúde e de educação, emprego e subsídios aos guerrilheiros que abandonam a luta armada.

Desde que Uribe subiu ao poder, em 7 de agosto de 2002, mais de 9.500 combatentes das Farc deixaram o grupo. Além disso, vários guerrilheiros foram mortos ou capturados nesse período.

Segundo membros das forças de segurança, o grupo, que chegou a ter cerca de 17 mil integrantes em 2002, conta hoje com algo em torno de 9.000 guerrilheiros.


Comentário: Sigam o exemplo desta mulher.Talvez o mundo melhore, e todos nós fiquemos a ganhar com um novo " oxigénio " na mudança das políticas adoptadas nas democracias hipócritas de fachada, onde o alcance do poder por parte dos pseudo-democratas é mais um status como trampolim para outros fins (curriculum).


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