quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Portugal/Angola: Economistas questionam dimensão da influência angolana via Sonangol

Fonte : LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Lisboa, 20 Fev (Lusa) - O investimento angolano em empresas estratégicas portuguesas, através da petrolífera Sonangol, dá a Luanda capacidade de influenciar decisões em Lisboa, mais do que permitir a diversificação de activos externos, defendem economistas ouvidos pela Lusa.

Enquanto alguns vêem com preocupação a entrada de gestores angolanos ligados ao Estado na administração de empresas como a Galp ou o Millennium Bcp, outros, como o gestor do programa angolano do Banco Mundial, Alberto Chueca, pensam que Luanda está principalmente interessada em ter uma palavra a dizer na gestão de grupos que têm importantes operações em Angola.

"Faria perfeito sentido que por detrás da decisão da Sonangol investir em empresas portugueses pudesse estar uma intenção estratégica de influenciar o tipo de decisões administrativas destas empresas em Angola", disse à Lusa Alberto Chueca, que afirma ser "legítima" e de "todo o bom-senso" esta postura.

"Temos muitas dúvidas de que a Sonangol tenha qualquer intenção e/ou alavancagem para desempenhar um papel" de "influenciar a política doméstica em Lisboa", adianta o responsável do Banco Mundial.

Ao contrário dos restantes economistas, Chueca faz questão de diferenciar o governo de Angola da Sonangol, que, enquanto empresa pública, "deve maximizar o lucro depois canalizado para o Estado de Angola", pelo que "não há nada de errado em fazer investimentos fora de Angola e em diferentes sectores, assegurando que o racional económico é sólido e sensato".

O comércio e os fluxos de investimento entre Portugal e Angola estarão em destaque na visita oficial de três dias que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, inicia quinta-feira à antiga colónia portuguesa.

"As relações comerciais são um aspecto importante da nossa relação. O incremento das trocas comerciais e do investimento (português) em Angola, como também de Angola em Portugal, é uma realidade que o poder político dos dois estados não pode ignorar", afirmou terça-feira à noite o ministro Luís Amado.

Para o economista e ex-secretário de Estado das Finanças Nogueira Leite, a Sonangol "actua como um fundo soberano" do Estado angolano, mas são vários os investidores do género em Portugal, pelo que Angola não deve ser marginalizada.

Exemplo, disse à Lusa, é o do banco La Caixa, que tem por detrás o governo catalão.

É certo que Espanha é um país democrático que pertence a um bloco económico de que Portugal faz parte, mas ao mesmo tempo, salienta, "diz-se que a [empresa pública russa do sector energético] Gazprom vai entrar na Galp, e a Rússia não é propriamente uma democracia".

"Temos de ser consistentes, e não pedir aos empresários que sejam políticos", enquanto o primeiro-ministro e o Presidente da República se desdobram em apelo ao investimento angolano, afirmou o economista.

Mais céptico, um economista e professor universitário português que pediu anonimato, salienta que, com as participações na Galp ou Millennium, Angola passa a ter
"capacidade de pressão" sobre as empresas e a economia portuguesa, que em casos-limite pode até ser transformada em "poder de chantagem".

Se "de repente, por razões políticas, Angola ameaçasse vender a sua participação" em empresas como a Galp ou o Millennium, tal poderia causar grande perturbação nos mercados de capitais, exemplifica o mesmo economista.

Embora levando em conta que a "relação financeira é também uma relação de poder", o ex-ministro da Economia Daniel Bessa mostra-se bastante mais optimista em relação ao investimento angolano.

"Sou dos que entendem que só pode haver uma atitude a um tempo correcta e descomplexada para com o investimento angolano em Portugal. Como português, cidadão de um país com um défice da balança de transacções correntes da ordem dos 10% do PIB, com consequente défice de poupança interna, só posso sentir-me agradecido e lisonjeado por esta disponibilidade do Estado angolano para investir em Portugal", adianta.

Para Bessa, o Estado português "não tem sequer o direito de interferir na escolha das entidades a quem os interesses privados portugueses entendem alienar os seus activos", devendo deixar esse papel a estes agentes e aos reguladores.

Isto, à excepção de "situações extremas" que, "em minha opinião, não se aplicam hoje ao Estado angolano", frisa.

"Se isso nos constitui numa situação de alguma fragilidade... é a vida. Não se pode ter `sol na eira e chuva no nabal´, sendo dos livros que, nestas matérias, a relação de poder é sempre assimétrica, em benefício dos credores e dos investidores em geral", afirma Bessa.

Para o economista e analista político angolano Justino Pinto de Andrade, a Sonangol "não é a mão directa" do Estado angolano.

A petrolífera "detém liberdade e maioridade", e acaba por ser protagonista da "internacionalização" do país apenas porque é praticamente a única empresa com capacidade para tanto.

"Por outro lado, os investimentos da Sonangol em Portugal, e noutros mercados mais competitivos, permitem a Angola obter conhecimentos que não existem internamente", disse à Lusa.

Manuel Alves da Rocha, economista e professor na Universidade Católica de Angola, também vê a Sonangol assumir-se como protagonista da "estratégia de internacionalização pela via financeira" delineada pelo governo - é o "instrumento mais poderoso" de Luanda nesta área.


Apesar de melhorias, Alves da Rocha afirma que "há ainda muito a fazer" no que diz respeito à transparência do sector petrolífero angolano."

É consensual que há determinadas questões que devem constituir segredo de Estado, especialmente nesta área onde a concorrência dita regras, mas é também verdade que nem tudo pode ser segredo", afirmou à Lusa.



Comentário:Depois de ter lido as diferentes opiniões dos credenciados economistas, sobre a pretensão dos investimentos da Sonangol no mercado português, fiquei com a sensação, que este tipo de relação tem "gato escondido com o rabo de fora", e as questões principais e fundamentais devem estar incluídas no tal "segredo de Estado" que o economista angolano Alves da Rocha salientou.

Fiquei também, com a sensação que Portugal devido à importância do Petróleo, vai começar a ser vendido em parcelas aos seus ex-colonizados, nos grupos e sectores de maior influência.Inverteram-se os pápeis.

Isto acontece, porque Portugal aos poucos foi perdendo as suas indústrias mais relevantes, devido à sua integração na UE, onde os países cujas as industrias e economias são mais fortes, acabaram por sufocar e condenar à morte súbita as industrias dos países mais débeis, com reflexos visíveis no enfraquecimento das suas economias.

Portugal neste momento, é um país cuja a sua economia assenta na "Prestação de Serviços".Presta serviços e colaboração a quem necessitar deles, internamente ou exteriormente.A cimeira UE/ÁFRICA foi um bom exemplo.Portugal prestou um grande serviço aos outros países que integram a UE, colaborando com o dinheiro dos impostos dos portugueses na sua realização.Portugal não tem mais nada, para oferecer ou para confrontar-se relativamente às economias mais fortes da UE.Aproveitou o seu mandato na Presîdência da União Europeia, para mostrar ao mundo, à UE e a África as qualidades e a qualificação dos portugueses na "PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS".Da mesma forma que o Primeiro Ministro e os membros do seu governo aproveitam a ocasião, para retirarem os dividendos antes da festa ter começado, antes dos louros estarem sólidamente certificados e carimbados, tentando transparecer uma imagem de uma governação e cimeira exemplar, mas essencialmente virtualista, fora do contexto interno e externo.

Ansiosamente, principalmente este governo, deseja a todo custo firmar acordos e parcerias em África, principalmente com Angola, numa obecção tipo combate ao défice, com o objectivo de apresentar resultados credíveis no final do seu mandato.Ao nível da Europa, Portugal deixou de ser um destino procurado e desejado para o investimento Europeu.Não há incentivos nem internamente nem extrenamente.Resumindo e concluindo, não há nada, a não ser tristeza, desmotivação, descrebilidade, devido à obecção de certos políticos prepotentes, que não têm a noção do país e do povo que governam.

Esperemos que a venda de Portugal ao ex-colonizado, seja um bom e prolongado casamento, ou invès de um amargo e litigioso divórcio, cujos os custos, mais uma vez, vão ser pagos pelo povo, devido aos acordos possíveis nos momentos de crises.Que os seus responsáveis à posteriori, não venham para a praça pública, desculpabilizar-se, alegando como outrora outros já fizeram, que "o que se fez, fez-se e bem", e a factura quem vai ter que pagá-la serão as vítimas mais frágeis, empobrecidas e desprotegidas.As mesmas de sempre.


Isto é, Portugal e as relações de amizades, entre os amigos de Portugal em Angola.

Por falar em relações de amizade.Gostaria de dizer aos amigos de Portugal e de Angola que à 32 anos que aguardo pelo pagamento dos danos causados pelo meu exílio forçado e contra a minha vontade, devido aos acordos assinados entre ambos, para a realização de um sonho, de um senhor, também ele na altura exilado em França.Esse senhor, aterrou em Portugal, sem nenhuma noção e conhecimento real do que se passava em África, a não ser pelo que tinha ouvido falar entre os africanos durante o seu exílio, e teve uma obecção sonhadora que o levou a assinar acordos, sem acautelar as consequências que o seu sonho poderia originar em milhões de portugueses e angolanos de várias gerações.

Vejam lá, se incluem uma fatiazinha do bolo da Sonangol, para contribuirem para o ressarcimento dos danos.Ou se estabelecem acordos, para que eu e a minha família, possamos regressar às origens, custeados pelos dois países, sem problemas consulares, com direito a casa e a um emprego a condizer de acordo com a inflacção em Angola.Cansei-me de ser um fardo, para o aumento do défice em Portugal, pois os políticos que na altura assinaram os tais acordos pelas costas e em segredo de Estado, nunca deram a oportunidade de poder optar com garantias e segurança, por outro défice mais vantajoso.Simplesmente ignoraram-nos, entregues às balas.

Também tenho o direito de ter as minhas obecções e sonhos, como o tal senhor ex-exilado em França, de querer retornar às minhas origens, por erros cometidos por ele.Também sou africana no exílio.Será que, o senhor ex-exilado, vai ter um sonho para concretizar o meu sonho...


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