quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

FERNANDO HEITOR CONSIDERA QUE HÁ UMA BURGUESIA APÁTRIDA EM ANGOLA

Fonte: VOA

O economista Fernando Heitor considera que há uma burguesia apátrida em Angola, sem qualquer sentimento nacionalista.

Em declarações à Voz da América, o segundo vice-presidente da Assembleia Nacional afirmou que magnetizados pelo dólar, os angolanos estão a perder cada vez mais a propriedade nacional, cedendo-a aos estrangeiros.

O dirigente da UNITA disse ainda que o campo está votado ao abandono. Acrescentou que muitas terras são ocupadas por altos dirigentes do país, mas não se desenvolve a actividade produtiva, porque estes ficam à espera de parcerias com estrangeiros.

«O campo está votado à sua má sorte, está entregue à bicharada As pessoas ocupam terras, põem lá os marcos que isto pertence ao fulano e não fazem nada com aquelas terras. Ficam lá à espera sentados que apareça um estrangeiro para fazer parceria.

Nós estamos a perder cada vez mais a propriedade nacional. Não estamos a ser proprietários do nosso país, estamos a ceder esta propriedade aos estrangeiros. E os nossos filhos o que é que herdarão? É preciso pensar seriamente nisso. Naquela loucura do dólar, até as nossas casas estamos a arrendar a estrangeiros. Há pessoas que tinham boas casas no Alvalade, no bairro Azul, etc, arrendaram aos estrangeiros e foram aos condomínios. Agora também já estão a fugir dos condomínios porque não conseguem chegar à hora ao local do serviço devido os engarrafamentos»- frisou.

Fernando Heitor referiu-se ainda à má distribuição da riqueza, afirmando que existe um hiato muito grande entre ricos e pobres em Angola. Mais grave ainda, sublinhou o dirigente da UNITA, é a forma como os endinheirados ostentam a riqueza, o que na sua opinião constitui uma provocação à maioria pobre.

«É uma injustiça social de tal ordem que brada os céus. Portanto é necessário que os governantes tenham um pouco mais de bom senso, um pouco de mais humanidade para irem ao encontro das necessidades gritantes dos seus compatriotas E, ilusoriamente, os endinheirados ao passarem nesses engarrafamentos diabólicos pensam que têm bem estar. Não têm nada, é uma ilusão total»- sublinhou.

Para Fernando Heitor, em Luanda praticamente não se trabalha devido aos constantes engarrafamentos, sublinhando que em quase todas as repartições públicas não se cumpre com o horário de trabalho, o que constitui um perigo para desenvolvimento do país


Comentário: Eu sempre disse, que a nova Angola e a luta pela sua independência contra os apelidados "colonos portugueses", não foi uma cruzada travada, para libertar e devolver a terra e o país ao verdadeiro povo angolano.Mas sim, uma estratégia da moderna colonização, onde são usados slogans de marketing, como "Poder Popular" e a "Luta Continua" em que a posse abusiva dos bens e das terras são nacionalizados, revertendo a favor dos mentores da moderna colonização (MPLA).Revertendo a favor das cúpulas partidárias, onde a sua divisão interna, é feita de acordo com o posto, o cargo e a patente ocupada dentro da própria estrutura partidária ou responsabilidade governativa.

Os bens e as terras, com maiores riquezas são nacionalizadas e registadas em nome pessoal dos novos proprietários, fazendo parte integrante do seu enriquecimento e negócios pessoais.

O povo, mais uma vez, foi e é enganado.Desta vez, pelos próprios angolanos.

Os mais atentos, poderão confirmar os lobbies a que estas terras estão sujeitas, e que o dirigente da UNITA denuncia, visitando através da internet locais como a CCIP - Câmara do Comércio e Indústria de Portugal - Angola.Neste local, constam as maiores empresas e accionistas com participação nas relações Portugal - Angola.As ofertas relativamente à procura de parcerias são imensas.Pelos valores constantes em algumas dessas ofertas, rápidamente verificamos que as terras não pertencem às classes desfavorecidas, mas sim às altas patentes.

Concordo plenamente que Angola, rápidamente deixará de pertencer aos angolanos.

Relativamente à questão, que "em Luanda não se trabalha, e que, em quase todas as repartições públicas não se cumpre com o horário de trabalho, o que constitui um perigo para desenvolvimento do país", este problema não é novo.Sempre foi assim a mentalidade do angolano.A filosofia do trabalho, rege-se pela teoria "o trabalho não é, para se fazer.O trabalho é, para se ir fazendo".Ou seja "ainda não se fez... amanhã talvez".

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