sexta-feira, 23 de maio de 2008

Corrupção, suborno, burocracia e crime organizado impedem investimentos

Fonte:Canal de Moçambique

- Revela um estudo recentemente apresentado em Maputo efectuado pela KPMG-Moçambique, CTA (Confederação das Associações Económicas de Moçambique), e CCIMOSA (Câmara de Comércio e Indústria Moçambique Africa do Sul).


Maputo - Uma pesquisa baseada numa amostra considerada representativa, por ter sido marcada por uma pesquisa onde participaram cerca de seiscentas empresas de seis províncias do país nomeadamente Maputo, Inhambane, Sofala, Manica, Nampula e Niassa indica que os esforços desenvolvidos pelo Governo de Moçambique no sentido de se criar, no país, um ambiente de negócios cada vez mais competitivo com o objectivo de melhor fazer face à globalização poderão redundar num fracasso devido aos níveis acentuados de corrupção, burocracia, suborno e crime organizado nas instituições do Estado que inibem a entrada de mais investidores.

O estudo que estamos a citar foi elaborado a partir de Setembro de 2007 e concluído em Janeiro deste ano e baseou-se nas preocupações dos actores económicos e suas expectativas para 2008.

Os sectores económicos abrangidos na pesquisa são a Agricultura e Pescas; Alimentação e Bebidas; Banca, Leasing e Seguros; Comércio e Serviços; Comunicação, Informação; Construção e Materiais de Construção; Energia e Comercialização de Combustíveis; Hotelaria e Turismo; Indústria; Transportes e Terminais de Serviços.
O mesmo relatório reporta as preocupações do sector empresarial que respondeu ao inquérito confidencial da pesquisa.

Fazendo uma análise do ambiente de negócios em Moçambique, complementada com o conhecimento de certos analistas, conclui-se que o mesmo não é saudável dado o facto de estar a ser prejudicado por excesso de corrupção, suborno, burocracia e crime organizado.

A corrupção é tida como estando aliada ao crime organizado e à burocracia e suborno que normalmente é prática nas instituições de Estado onde se processa a tramitação da documentação empresarial.

As empresas inquiridas têm uma longevidade que varia dos 5 aos 25 anos.
Citando uma observação do USAID (Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional), o relatório aponta que aquela organização é de opinião de que a corrupção em Moçambique é um problema tanto na administração pública, como nas empresas.

“A atitude repressiva combinada com a falta de transparência e algumas arbitrariedades no tratamento de certas violações, como é o caso de infracções fiscais dos contribuintes, favorecem a percepção da existência de corrupção e a fraqueza generalizada dos agentes económicos analisados em duas vertentes: Por um lado os contribuintes não vêm o benefício prático dos pagamentos legais e por outro lado as empresas sentem-se vítimas da opressão de certas autoridades”, diz o relatório citando a USAID.

O relatório diz a dado passo, citando aquela agência americana, que se considera existir no país uma ligação entre a corrupção e o crime organizado em que “os níveis da corrupção alcançaram pontos alarmantes e representam um risco para a governação democrática nascente no país”.
“A corrupção no sector público tem consequências devastadoras na vida económica, política e social do país. Mesmo entre firmas tradicionais do sector privado no sector formal, estas enfrentam burocracia, empecilhos e corrupção em todos os estágios da condução de negócios
”, lê-se no relatório.

Entretanto, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) é citada no relatório a dizer que a nível governamental a burocracia excessiva é identificada como um dos principais problemas em assuntos relacionados com o trabalho e a falta de poderes dos governos regionais. “Quanto à flexibilidade e cordialidade, a indiferença constitui a maioria das respostas. A implementação das reformas governamentais com vista à remoção das barreiras da burocracia é a chave para a criação de um ambiente de negócios mais competitivo em Moçambique”, refere-se também no relatório da KPMG-Moçambique elaborado em coordenação com a CTA e a CCIMOSA com o financiamento da embaixada da Irlanda e Cooperação Alemã.




Comentário: Podem estar aqui, as várias causas para a emigração moçambicana em massa para a África do Sul.Tal como em Angola e na maioria dos países africanos, Moçambique não foge à regra.Perante este estudo, detectados os sintomas, como sempre e para não fugir à regra, as populações é que são as maiores vítimas deste flagelo da corrupção e da desgovernação por parte dos orgãos do poder.Os investidores fogem destes destinos e ambientes, impossibilitando o progresso e o desenvolvimento económico, e consequentemente arrastam problemas de insatisfação de índole social, reinando a precariedade de emprego e a pobreza.Outra, das eventuais causas, poderá ser também a má preparação e qualificação dos detentores dos cargos públicos e políticos com relevância e influência na governação e nos destinos do país.

Enquanto esta geração, referindo simplesmente os países africanos pretencentes aos PALOPS, pós colonização não desaparecerem do mapa destes países, difícilmente estes flagelos e sintomas de desgovernação a curto prazo desaparecerão da cultura governativa africana.Foi, e é, um poder versus status, instituído por uma maioria que a seu bel prazer, põe e dispõe das peças no tabuleiro de xadrez, e faz o seu jogo sujo em nome de terceiros.

São as modernices das novas democracias do faz de conta, que é, mas não é.

Portugal é também um bom exemplo, ao nível europeu, desta nova democracia.Democracia do marketing.Rapando com a colher no fundo do tacho, só encontramos restos para as minorias (povo - pobres) e muito blá blá para as maiorias do tráfico de influências (deputados, ministros, grupos empresariais etc, e tal).

Assim, apetece perguntar:

- Onde vamos parar, com a corrupção a comandar e a governar os destinos do mundo ?

(Talvez para um mundo cada vez mais imoral, sem valores, feito de atropelos e criminalidade).


Sem comentários: