quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Governo desmente rumores sobre eventual encerramento das fronteiras

Fonte: angop

Luanda – Com a campanha eleitoral a acalorar, a cada dia que passa, o ministro angolano do interior, Roberto Leal Monteiro “Ngongo”, apaziguou quarta-feira a população, ao considerar infundado o rumor segundo o qual a Polícia Nacional iria interditar a saída de qualquer cidadão do país a partir do mesmo dia, por causa das eleições.

O ministro pediu, com efeito, aos cidadãos para ignorarem tal rumor dada a inexistência de qualquer instrução no sentido do encerramento das fronteiras nacionais, nem sequer no dia das eleições, sublinhando mesmo que cidadãos nacionais registados para as eleições e que se encontram no exterior de Angola estão a chegar ao país para no dia cinco de Setembro exercerem o seu direito de cidadania.

De igual modo, o director nacional da Polícia Económica, sub-comissário Alexandre Canelas, desmentiu que comerciantes estrangeiros estejam a abandonar o país por alegadamente recearem a eclosão de uma crise pós-eleitoral, hipótese já afastada de forma categórica pelos líderes dos partidos políticos concorrentes ás eleições, o que poderia resultar na dificuldade do abastecimento do determinados bens a população.

O chefe da Polícia Económica referiu que, pelo contrário, tem-se registado a entrada massiva de comerciantes o que pode “ser visto a olhos nus, pois grande parte deles está a participar da campanha dos partidos políticos”.

Por sua vez, o director nacional do comércio, Gomes Cardoso, sossegou a apreensão de alguns populares ao afastar qualquer possibilidade de uma falta de produtos básicos durante o período eleitoral, garantindo que o governo tem um programa de abastecimento a todo país, traçado para curto, médio e longo prazos.

Informações que circulam nos últimos dias dão conta de alguns cidadãos que têm aprovisionado quantidades excessivas de mantimentos temendo uma ruptura de stock de víveres, como a registada em 1992 na sequência do conflito surgido logo após o anúncio dos resultados das primeiras eleições legislativas ganhas pelo MPLA, por maioria absoluta, entretanto contestadas pela UNITA.

Gomes Cardoso disse que a Direcção Nacional do Comércio está a trabalhar no sentido de reforçar o abastecimento da rede comercial retalhista em todas as províncias e a mobilizar os grossistas para comercializarem os produtos onde for necessário.

Mas se alguns eleitores ainda nutrem algum medo quanto ao desfecho das eleições, o bispo coadjutor da arquidiocese do Lubango, Dom Gabriel Bilingue, considera que, 16 anos depois do primeiro pleito eleitoral, os angolanos estão agora em condições de acautelar situações embaraçosas e promover a estabilidade e a reconstrução.

No entender do prelado, a realização das eleições são “uma oportunidade impar” para Angola mostrar a Africa e ao mundo, a sua disposição de viver na normalidade, apesar das diferenças políticas e os angolanos são suficientemente adultos para levar o país no caminho do progresso e do bem-estar.

Disse que os angolanos têm agora uma oportunidade “para dizer que aprendemos com o passado e que somos suficientemente adultos e responsáveis” para conduzir o processo “debaixo da bandeira da tolerância” e num clima de paz e harmonia.

Dom Gabriel Bilingue distanciou-se, no entanto, do padre Benedito Kapingala, que no passado domingo, no espaço de antena cedido pela TPA a UNITA, apelou aos fiéis a votarem neste partido.

O bispo coadjutor disse a postura assumida pelo padre era da sua “inteira e exclusiva responsabilidade e não vincula a Igreja Católica” cujos fiéis rezam a Deus para que as eleições decorram num clima de paz e tranquilidade e devem pautar pela harmonia e pela verdade, em primeiro lugar.

No mesmo diapasão pronunciou-se a pastora da Igreja Metodista Unida Central de Luanda, Beatriz Adão Pascoal, ao afirmar, num culto que contou com a presença de membros da direcção do MPLA, que não é intenção da sua congregação apoiar algum partido, pois a escolha é livre e ninguém deve ser pressionado a votar para determinada formação política.

Bento Bento, primeiro secretário do MPLA, que assistiu ao culto, disse que graças ao trabalho de oração realizado pelas igrejas o povo angolano tem alcançado patamares de paz, reconciliação e de tranquilidade.

Por seu lado, a directora-geral do Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR), Fátima Viegas, apelou aos pastores e entidades ligadas a religião a contribuírem activamente no processo eleitoral com consciência e responsabilidade, para a tranquilidade e desenvolvimento do país, durante um encontro sobre valores éticos e morais do religioso no processo eleitoral
assistido por políticos, empresários e religiosos.

O coordenador adjunto da campanha eleitoral do MPLA, João Lourenço, elogiou, no entanto, o espírito de civismo e patriotismo demonstrados no decurso da campanha eleitoral que, conforme disse, vai de encontro ao apelo feito pelo chefe de estado angolano, presidente José Eduardo dos Santos, no seu discurso à nação pronunciado no passado dia quatro de Agosto, véspera do seu início.

O mesmo espírito de civismo e patriotismo foi também reclamado pelo músico angolano Barceló de Carvalho “Bonga”, que no final de uma audiência com o presidente dos Santos, considerou ter chegado “o momento de todos angolanos, a começar pelos líderes partidários, portarem-se de forma cívica, responsável e ter sempre em conta os interesses nacionais”.

O cantor vê nas eleições, previstas para dentro de duas semanas, a soberana oportunidade dos angolanos mostrarem a comunidade internacional a sua maturidade e senso de responsabilidade e de afirmarem-se perante o mundo que são responsáveis e capazes de conduzirem os seus destinos sem interferências externas.



Comentário: A contra-informação é uma arma muito poderosa em Angola.No passado, muitos foram lubridiados por causa dela.Não há fumo, sem fogo.Todo e qualquer boato, vindo da boca do povo, tem quase sempre um fundamento.Inclusive o ministro afirma: " cidadãos nacionais registados para as eleições e que se encontram no exterior de Angola estão a chegar ao país para no dia cinco de Setembro exercerem o seu direito de cidadania".

Alguém saberá responder, quais as razões pelas quais, os cidadãos angolanos que se encontram no exterior de Angola estão a chegar ao país?

Deixo a pergunta suspensa no "ar", para que todos possam fazer o seu juízo de apreciação.

É preciso ter atenção, ao pretender-se fazer um juízo convincente, ser necessário ter um conhecimento muito profundo de como funcionam os meandros da repressão do MPLA.Também eu, se estivesse acorrentado ao partido dos pés à cabeça, mesmo que não desejasse, teria que regressar a tempo e horas de poder exercer o meu direito de cidadania.Caso contrário, sofria na pele a minha falta de cumprimento ao meu dever perante o MPLA.Para evitar, fugas e surpresas ao acto eleitoral, nada melhor que prevenir.Encerrando as portas maliciosamente, longe das vistas dos observadores. Negando, perante a opinião pública o fundamento de um boato (rumor) popular.

Mais vale prevenir que remediar.São, cerca de trinta e três anos (33) de vícios, assentes na corrupção a todos os níveis. Incluindo os discursos políticos.Os maiores ladrões de Angola, durante estes trinta três anos, foram os governantes, os políticos e os militares e suas famílias.

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