quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Sonangol diz que posição de "patrão" na Galp ditou fim da guerra pelo controlo da Enacol

Fonte : Lusa

Declarações de ontem do presidente da petrolífera angolana


A Sonangol deu por finda a batalha com a Galp pelo controlo da cabo-verdiana Enacol, porque agora "é patrão" na petrolífera portuguesa. Foi nestes termos, citados ontem pela agência Lusa, que o presidente do conselho de administração da Sonangol, Manuel Vicente, se referiu em Luanda ao assunto.

"A Galp hoje tem de obedecer às nossas instruções em Cabo Verde. Não há batalha nenhuma. Nós somos os patrões, vamos ditar as regras do jogo. Ponto final", disse Manuel Vicente. O tom com o qual o gestor garantiu que já "não há qualquer batalha" pelo controlo da distribuidora de combustíveis de Cabo Verde surpreendeu vários responsáveis em Lisboa.

O presidente executivo da Galp, Manuel Ferreira de Oliveira, encontrava-se ontem em S. Tomé e Príncipe a estudar a possibilidade de entrar em projectos de pesquisa de petróleo e gás natural, acompanhando a visita do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado. A Galp escusou-se a comentar as declarações.

Depois de, em Abril de 2007, terem adquirido cada uma 32,5 por cento da Enacol, em operação de privatização, ambas as empresas foram aumentando as suas posições accionistas através de aquisições posteriores em bolsa. Segundo a Bolsa de Cabo Verde, a Galp Energia tinha, em Dezembro, ultrapassado a Sonangol. Tinha 37,5 por cento da empresa cabo-verdiana, contra 36,7 por cento dos angolanos. A Caixa Banco de Investimentos detinha 6,2 por cento, o Estado 2,1 por cento e os restantes accionistas 17,5 por cento.

Manuel Vicente admitiu que "houve batalha, no passado". "Nós agora somos patrões na Galp. E por isso não podemos batalhar com a Galp em Cabo Verde", afirmou.

A Sonangol "é patrão" na Galp através da sua participação de 45 por cento na Amorim Energia, holding que por sua vez detém 33,34 por cento da Galp. Apesar de ter uma participação indirecta, a influência dos angolanos na empresa é considerada actualmente tão determinante como a dos italianos da ENI, que têm 33,34 por cento - uma situação que tem gerado alegados choques accionistas.

A divergência accionista no caso da Enacol levou o Governo cabo-verdiano no final do ano passado a suspender a cotação das acções da empresa, após o que tem promovido reuniões entre os accionistas. Também o presidente da Enacol, indicado pela Galp, Luís Soares, apresentou a sua demissão recentemente, queixando-se alegadamente de "interferências".

O sinal de aparente aproximação entre as partes surgiu com o comunicado da Galp Energia em 30 de Janeiro passado, no qual afirmava estar "inteiramente excluída qualquer solução que afaste da gestão um dos seus accionistas de referência". Também sublinhava que as relações de cooperação entre ambas eram, à data, "intensas, com projectos comuns em diversas partes do mundo, a ponto de a Sonangol ser um importante accionista da Galp".

O presidente da petrolífera angolana anunciou também que Luanda está a preparar, em conjunto com as autoridades governamentais, a "desregulamentação" do mercado para a entrada de outros operadores em Angola na área da distribuição, onde vão ser investidos 300 milhões de dólares.




Comentário: Relativamente a esta "guerra de interesses e influências" entre a Sonangol e a Galp, vou socorrer-me de um comentário dado por um conceituado economista português, sob anominato, quando foi solicitado a opinar sobre a participação e influência da Sonangol sobre as empresas portuguesas.

Citação do economista em Portugal/Angola: Economistas questionam dimensão d...

(...)Mais céptico, um economista e professor universitário português que pediu anonimato, salienta que, com as participações na Galp ou Millennium, Angola passa a ter "capacidade de pressão" sobre as empresas e a economia portuguesa, que em casos-limite pode até ser transformada em "poder de chantagem".

Se "de repente, por razões políticas, Angola ameaçasse vender a sua participação" em empresas como a Galp ou o Millennium, tal poderia causar grande perturbação nos mercados de capitais, exemplifica o mesmo economista. (...)

Depois destas palavras, apetece dizer : mais comentários para quê?

Se proventura existirem, ficarão por vossa conta e risco.

1 comentário:

Anónimo disse...

Errata:
Luis Soares era director geral e não presidente da Enacol