Fonte:NOVO JORNAL
Por:Alves da Rocha
A CORRUPÇÃO continua a ser um tema actual em Angola. Não apenas pelas preocupações expostas por responsáveis políticos e governamentais, como, igualmente, por se continuar a sentir o seu peso no quotidiano dos cidadãos e das empresas.
Os sinais exteriores de riqueza que uma faixa muito restrita da população evidencia não se podem dever, apenas, ao sucesso profissional, por muito estrondoso e rápido que possa ser. Bastante desse bem-estar material se deve ao acesso privilegiado aos canais de informação, às fontes de financiamento, às facilidades na adjudicação de contratos e ao tráfico de influências.Ou seja, as desigualdades de oportunidades têm contribuído para a constituição duma pequena classe social muito endinheirada.
A desigualdade na repartição da riqueza e do rendimento nacional é um factor determinante para a estruturalização da pobreza.
São conhecidos estudos conduzidos por especialistas de renome internacional e por instituições de elevadíssima credibilidade que colocam a mitigação da pobreza- eventualmente a sua erradicação teria de passar por uma discussão profunda sobre o paradigma capitalista e o modelo de crescimento assente na economia de mercado e na propriedade privada- na dependência directa da melhoria da distribuição da riqueza e do rendimento.
É fácil perceber a razão dessas evidências empíricas. Com efeito, não é, de todo em todo, seguro que a criação de emprego garanta um maior acesso à renda nacional e facilite a constituição de riqueza. Naturalmente que se um desempregado conseguir trabalho, a sua renda aumenta. Porém, do que realmente se trata para se ultrapassar a pobreza é da qualidade do emprego, o mesmo é dizer, do nível salarial.
Estudos levados a efeito em alguns países da União Europeia revelaram a existência de índices elevados de pobreza entre trabalhadores de baixa renda. Portanto, não é suficiente estarse empregado para se deixar de ser pobre. Evidentemente, que quanto mais elevado for o índice de corrupção, maior será a desigual dade na repartição da riqueza e da renda nacional, donde maior a probabilidade de a pobreza continuar a ser a mesma.
Portanto, para se dar um passo de gigante no combate à pobreza é determinante diminuir a corrupção, melhorar os mecanismo e de negócios- no fundo democratizá- las, como deve ser nas democracias políticas consolidadas – aperfeiçoar as estruturas de distribuição do rendimento e garantir a transparência e o accountability (público e privado).
Não são conhecidos estudos sobre o fenómeno da corrupção em Angola, como, do mesmo modo, se não conhecem processos penais levados à barra dos tribunais sobre enriquecimento ilícito e ilegal.
O que se vai publicar nas próximas edições do “Novo Jornal” é um conjunto de excertos dum trabalho de pesquisa elaborado em Junho de 1999, por iniciativa do Instituto Democrático para Assuntos Internacionais, que na maior parte dos aspectos abordados mantém uma grande actualidade. Esse estudo baseou-se num conjunto de entrevistas realizadas em Luanda – sede do poder político, económico e administrativo, logo onde os mecanismos da corrupção são mais evidentes – a diferentes segmentos da sociedade, como empresários, parlamentares, funcionários públicos, membros do sistema judicial, jornalistas e elementos da sociedade civil.
EXTENSÃO DA CORRUPÇÃO NO PAÍS
O negócio da barragem de Kapanda poderá ter deixado sinais de pouca transparência
ATÉ FINAIS DOS ANOS 70 não se ouvia falar de corrupção, muito embora se soubessem de casos de desvios de recursos do Estado. É no princípio da década de 80 que aparecem os casos mais chocantes deste fenómeno, de que a barragem de Kapanda é, provavelmente, o exemplo mais conhecido e chocante. Enquanto que em países normais um corrupto será para sempre alguém estigmatizado, em Angola, não.
É, de facto, um problema cultural. A revelação pública da corrupção tem limites, porque a grande corrupção é defendida pelo poder. A corrupção é sistémica e está generalizada. Existe uma cultura da corrupção, o que vai ter consequências graves sobre a próxima geração, que será já moralmente corrupta. Os valores morais, éticos e cristãos de solidariedade existentes no tempo colonial perderam-se totalmente devido à corrupção. A corrupção permitiu um estado total de perversidade de carácter.
É um problema a toda a escala nacional. O país está no caos devido, em boa medida, à corrupção, que levou a que cidadãos perdessem a perspectiva de Nação e o sentimento de patriotismo, actuando, apenas e só, em proveito pessoal.
É muito mais visível em Luanda – centro do poder político, económico e financeiro – mas também se instalou, provavelmente em escala mais reduzida, em todas as capitais de província (de acordo com algumas opiniões dos entrevistados, os governadores provinciais têm, no exercício da sua governação, autênticos comportamentos monárquicos, o que corrobora as interpretações sociológicas das causas da corrupção).
O que favorece o florescimento e extensificação da corrupção é o desfuncionamento da sociedade, aspecto característico das sociedades em transição. Nestes processos de transição, muitos espaços não estão juridicamente preenchidos ou estando, não se verifica a praticabilidade das leis. Então a corrupção apropria-se deles e desenvolve os seus tentáculos a outras franjas mais ou menos legalizadas.
A corrupção em Angola pratica-se e expressa-se de modo diferente consoante o estrato social em presença. Nas classes mais altas – a dos dirigentes políticos e militares, dos quadros superiores da Administração, dos governantes e da nomenclatura, em geral – a corrupção é um “status”, é um direito derivado justamente de comportamentos específicos das sociedades tradicionais. Ser chefe dá direito a ter riqueza e como o Estado é quem concentra os recursos financeiros e patrimoniais da Nação, então deve ser extorquido.
São conhecidos estudos conduzidos por especialistas de renome internacional e por instituições de elevadíssima credibilidade que colocam a mitigação da pobreza- eventualmente a sua erradicação teria de passar por uma discussão profunda sobre o paradigma capitalista e o modelo de crescimento assente na economia de mercado e na propriedade privada- na dependência directa da melhoria da distribuição da riqueza e do rendimento.
É fácil perceber a razão dessas evidências empíricas. Com efeito, não é, de todo em todo, seguro que a criação de emprego garanta um maior acesso à renda nacional e facilite a constituição de riqueza. Naturalmente que se um desempregado conseguir trabalho, a sua renda aumenta. Porém, do que realmente se trata para se ultrapassar a pobreza é da qualidade do emprego, o mesmo é dizer, do nível salarial.
Estudos levados a efeito em alguns países da União Europeia revelaram a existência de índices elevados de pobreza entre trabalhadores de baixa renda. Portanto, não é suficiente estarse empregado para se deixar de ser pobre. Evidentemente, que quanto mais elevado for o índice de corrupção, maior será a desigual dade na repartição da riqueza e da renda nacional, donde maior a probabilidade de a pobreza continuar a ser a mesma.
Portanto, para se dar um passo de gigante no combate à pobreza é determinante diminuir a corrupção, melhorar os mecanismo e de negócios- no fundo democratizá- las, como deve ser nas democracias políticas consolidadas – aperfeiçoar as estruturas de distribuição do rendimento e garantir a transparência e o accountability (público e privado).
Não são conhecidos estudos sobre o fenómeno da corrupção em Angola, como, do mesmo modo, se não conhecem processos penais levados à barra dos tribunais sobre enriquecimento ilícito e ilegal.
O que se vai publicar nas próximas edições do “Novo Jornal” é um conjunto de excertos dum trabalho de pesquisa elaborado em Junho de 1999, por iniciativa do Instituto Democrático para Assuntos Internacionais, que na maior parte dos aspectos abordados mantém uma grande actualidade. Esse estudo baseou-se num conjunto de entrevistas realizadas em Luanda – sede do poder político, económico e administrativo, logo onde os mecanismos da corrupção são mais evidentes – a diferentes segmentos da sociedade, como empresários, parlamentares, funcionários públicos, membros do sistema judicial, jornalistas e elementos da sociedade civil.
EXTENSÃO DA CORRUPÇÃO NO PAÍS
O negócio da barragem de Kapanda poderá ter deixado sinais de pouca transparência
ATÉ FINAIS DOS ANOS 70 não se ouvia falar de corrupção, muito embora se soubessem de casos de desvios de recursos do Estado. É no princípio da década de 80 que aparecem os casos mais chocantes deste fenómeno, de que a barragem de Kapanda é, provavelmente, o exemplo mais conhecido e chocante. Enquanto que em países normais um corrupto será para sempre alguém estigmatizado, em Angola, não.
É, de facto, um problema cultural. A revelação pública da corrupção tem limites, porque a grande corrupção é defendida pelo poder. A corrupção é sistémica e está generalizada. Existe uma cultura da corrupção, o que vai ter consequências graves sobre a próxima geração, que será já moralmente corrupta. Os valores morais, éticos e cristãos de solidariedade existentes no tempo colonial perderam-se totalmente devido à corrupção. A corrupção permitiu um estado total de perversidade de carácter.
É um problema a toda a escala nacional. O país está no caos devido, em boa medida, à corrupção, que levou a que cidadãos perdessem a perspectiva de Nação e o sentimento de patriotismo, actuando, apenas e só, em proveito pessoal.
É muito mais visível em Luanda – centro do poder político, económico e financeiro – mas também se instalou, provavelmente em escala mais reduzida, em todas as capitais de província (de acordo com algumas opiniões dos entrevistados, os governadores provinciais têm, no exercício da sua governação, autênticos comportamentos monárquicos, o que corrobora as interpretações sociológicas das causas da corrupção).
O que favorece o florescimento e extensificação da corrupção é o desfuncionamento da sociedade, aspecto característico das sociedades em transição. Nestes processos de transição, muitos espaços não estão juridicamente preenchidos ou estando, não se verifica a praticabilidade das leis. Então a corrupção apropria-se deles e desenvolve os seus tentáculos a outras franjas mais ou menos legalizadas.
A corrupção em Angola pratica-se e expressa-se de modo diferente consoante o estrato social em presença. Nas classes mais altas – a dos dirigentes políticos e militares, dos quadros superiores da Administração, dos governantes e da nomenclatura, em geral – a corrupção é um “status”, é um direito derivado justamente de comportamentos específicos das sociedades tradicionais. Ser chefe dá direito a ter riqueza e como o Estado é quem concentra os recursos financeiros e patrimoniais da Nação, então deve ser extorquido.
Comentário: Se a corrupção é um "status", praticada a partir das classes mais altas, significa que teve o seu ínicio no Topo, no cargo mais "alto da Nação.Se ao nível dos cargos mais altos, não se conhecem processos penais levados à barra dos tribunais sobre o enriquecimento ilícito e ilegal, onde a grande corrupção é defendida pelo poder, todos os que estão situados ao nível inferior são inimputáveis. A corrupção é geral.
Talvez se levassem à barra dos tribunais, os orgão máximos do " poder"onde os mecanismos da grande corrupção é defendida e exercida, pudesse contribuir para o ressurgimento dos valores éticos, morais etc., recuperando o carácter perdido após a descolonização, e deixassem de pensar e actuar, pensando, apenas e só, em proveito pessoal.
Lembram-se do artigo das " Sacoleiras e trambiqueiras "?Aqui está, mais um bom exemplo para ajudar a compreender como " funcionam os esquemas ".As Sacoleiras, afirmam nesse artigo que a sua clientela, é na sua maioria da classe média e alta da sociedade angolana, onde precisamente a corrupção tem os níveis mais elevados
As Sacoleiras, são usadas para representarem o papel de " Trambiqueiras - Aldrabonas - Trafulheiras - Corruptas", ao serviço da classe média e alta, com a devida protecção ( não se aplica a lei, sanções) e tráfigo de influências, ACESSO PRIVILEGIADO À INFORMAÇÃO.Enriquecem fácilmente, sem ninguém se importunar como.Atropelam-se uns aos outros, dentro e fora do país.
A corrupção é um "status" em Angola.Quem não souber aprender a viver, nesse "status" é engolido "vivo" pelo status quo da sociedade angolana.Em Angola a honestidade, não tem valor.A honestidade em Angola, é humilhada, silenciada, desprezada e condenada a viver na pobreza.
Depois de tudo isto, ainda acham que as Sacoleiras - Trambiqueiras, deslocam-se ao Brasil, para fazer compras para a classe média e alta, para terem pouco lucro ?
Ainda acham, que os países e as empresas envolvidas na reconstrução de Angola, conseguem praticar a honestidade, fintar a corrupção ?
Ainda acham que as eleições em Angola, vão ser Limpas e Justas?
Que será possível fazer política sem ser necessário comprar as pessoas (corromper)?
Com estes níveis de corrupção, até as palavras e os actos são corruptos.
Para bom entendedor, meia palavra basta.
Não se esqueçam, quem falar mal de Angola e dos seus nívies de corrupção, não merece ser considerado "angolano de gema". Está a colocar em causa a classe média e alta.Esquecendo-se do PODER POPULAR - POVO, que é o que mais deveria importunar aos angolanos.
Talvez se levassem à barra dos tribunais, os orgão máximos do " poder"onde os mecanismos da grande corrupção é defendida e exercida, pudesse contribuir para o ressurgimento dos valores éticos, morais etc., recuperando o carácter perdido após a descolonização, e deixassem de pensar e actuar, pensando, apenas e só, em proveito pessoal.
Lembram-se do artigo das " Sacoleiras e trambiqueiras "?Aqui está, mais um bom exemplo para ajudar a compreender como " funcionam os esquemas ".As Sacoleiras, afirmam nesse artigo que a sua clientela, é na sua maioria da classe média e alta da sociedade angolana, onde precisamente a corrupção tem os níveis mais elevados
As Sacoleiras, são usadas para representarem o papel de " Trambiqueiras - Aldrabonas - Trafulheiras - Corruptas", ao serviço da classe média e alta, com a devida protecção ( não se aplica a lei, sanções) e tráfigo de influências, ACESSO PRIVILEGIADO À INFORMAÇÃO.Enriquecem fácilmente, sem ninguém se importunar como.Atropelam-se uns aos outros, dentro e fora do país.
A corrupção é um "status" em Angola.Quem não souber aprender a viver, nesse "status" é engolido "vivo" pelo status quo da sociedade angolana.Em Angola a honestidade, não tem valor.A honestidade em Angola, é humilhada, silenciada, desprezada e condenada a viver na pobreza.
Depois de tudo isto, ainda acham que as Sacoleiras - Trambiqueiras, deslocam-se ao Brasil, para fazer compras para a classe média e alta, para terem pouco lucro ?
Ainda acham, que os países e as empresas envolvidas na reconstrução de Angola, conseguem praticar a honestidade, fintar a corrupção ?
Ainda acham que as eleições em Angola, vão ser Limpas e Justas?
Que será possível fazer política sem ser necessário comprar as pessoas (corromper)?
Com estes níveis de corrupção, até as palavras e os actos são corruptos.
Para bom entendedor, meia palavra basta.
Não se esqueçam, quem falar mal de Angola e dos seus nívies de corrupção, não merece ser considerado "angolano de gema". Está a colocar em causa a classe média e alta.Esquecendo-se do PODER POPULAR - POVO, que é o que mais deveria importunar aos angolanos.
1 comentário:
corruption starts with Eduardo Dos Santos
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