sábado, 22 de março de 2008

Valor da Literatura Angolana é reconhecido e inquestionável


Fonte: Jornal de Angola

Francisco Pedro


Especialistas e estudiosos de renome que analisam frequentemente a Literatura africana, como Manuel Ferreira, Salvato Trigo, Pires Laranjeira, Ana Mafalda Leite, Inocência Mata, Laura Padilha, Cármen Tindó, entre outros, têm como referência autores angolanos quando se trata de literaturas africanas de língua portuguesa.Esta constatação foi feita ontem pelo escritor e director do Instituto Nacional do Livro e do Disco (INALD), António Fonseca, como reacção à atitude do escritor José Eduardo Agualusa, que considerou medíocres alguns dos maiores nomes da Literatura Angolana.


Em entrevista publicada no semanário “Angolense” no último fim-de-semana, Agualusa afirmou que “uma pessoa que ache que o Agostinho Neto, por exemplo, foi um extraordinário poeta é porque não conhece rigorosamente nada de poesia. Agostinho Neto foi um poeta medíocre. O mesmo se pode dizer de António Cardoso ou de António Jacinto”.
Para António Fonseca, essa posição de Agualusa já não surpreende, pois conhece-o desde há longa data e sabe de que tipo de pessoa se trata. Por outro lado, adiantou, o valor da Literatura Angolana é inquestionável e, consequentemente, os seus autores têm reconhecimento ­inter­nacional.

A título de exemplo, António Fonseca lembrou que a maior feira do livro do mundo, a Feira de Frankfurt, já nos anos 80 havia reconhecido o mérito dos escritores angolanos ao outorgar um prémio ao escritor António Jacinto, cujo emblema consta do património do INALD.

As obras de qualquer um dos escritores que Agualusa questiona, embora já falecidos, tanto Agostinho Neto, como António Cardoso e António Jacinto, por si só justificam originalidade e mérito, tanto dentro do país como no exterior, acrescentou.

Estudioso da literatura oral angolana, conhecedor de provérbios e advinhas, António Fonseca disse também que, mesmo os escritores da nova geração, como Albino Carlos, António Seitas, Ondjaki, entre outros com estilo próprio, possuem obras de referência, não devendo Agualusa confundir afectos ou simpatias políticas com gostos literários.

“É evidente que cada leitor tem os seus gostos por cada autor, o que diferencia as nossas opiniões. Porém, a crítica cabe aos críticos, com as devidas ferramentas linguísticas e literárias”, salientou o escritor, sem deixar de desencorajar a concorrência autoral que nos últimos tempos enferma a carreira e a boa imagem dos criadores angolanos.

O director do INALD lembrou que vários são os trabalhos em universidades europeias e americanas em que os estudantes apresentam teses ou trabalhos de pós-graduação sobre autores angolanos, além das traduções e prémios com base em critérios científicos, e nada de paixões políticas. “Como pode Agualusa negar ou desclassificar essas teses?”, questionou.




Comentário: A polémica está lançada.Entre o que disse o escritor e jornalista lusófono José Eduardo Agualusa numa entrevista a um jornal angolano e os seus simpatizantes defensores e os de Agostinho Neto.Na entrevista, o escritor diz " uma pessoa que ache que Agostinho Neto, por exemplo, foi extraordinário poeta, é porque não conhece rigorosamente nada de poesia.Agostinho Neto foi um poeta medíocre.O mesmo pode se dizer de António Cardoso ou de António Jacinto..."


Tal como diz o autor do artigo aqui exposto, Francisco Pedro " É evidente que cada leitor tem os seus gostos por cada autor, o que diferencia as nossas opiniões." com a qual concordo em absoluto, relativamente aos gostos dos leitores, podendo esta influenciar as opiniões.É sobre a influência, que eu quero exprimir a minha modesta opinião.

José Eduardo Agualusa, é um escritor da da nova geração da literatura angolana e LUSÓFONA.Isto é, um escritor recente.Sem lhe tirar o mérito pelas obras que escreve, pois não é isso que está em causa.Uma vez, que José Eduardo Agualusa, assim como qualquer artista, seja qual fôr a área onde esteja inserido, ao elaborar uma obra, independentemente das opiniões e impacto que possa vir a ter públicamente, a OBRA QUANDO ESTÁ A SER ELABORADA PELO ARTISTA, DESDE LOGO É POR SI CONSIDERADA UMA OBRA COM VALOR.Esse valor para o artista, nunca poderá partir do suposto, que o resultado inicial e final é ou será uma obra " MEDÍOCRE".Se tal acontecer, o artista está a suverter-se a si próprio e aos futuros leitores ou consumidores.

Portanto José Eduardo Agualusa, na minha modesta opinião, ao considerar as "obras dos outros medíocres" está a desrespeitar os verdadeiros valores e motivações dos artistas e suas obras.Até porque, como já disse, José Eduardo Agulusa é um escritor recente, com algumas provas dadas, mas que ainda não são suficientes para fazer dele, no mundo da literatura e das artes, um escritor "Excelente" e com mérito ou capacidade para julgar seja quem fôr, no mundo das artes.A escrita é uma arte.Em tudo na vida, existe coisas boas e más, e o que, para o José Eduardo Agualusa, possa ser considerado medíocre, para os outros, pode ser considerado uma " excelência" depende da sensibilidade de cada um.

Neste caso particular, parece-me que José Eduardo Agulusa, está a tentar usar o nome de terceiros, para ser o protagonista principal da polémica, tentando aumentar através dela, quiçá, o aumento da procura das suas obras, por parte de novos leitores.Uma estratégia de marketing.Aliás, José Eduardo Agualusa, é defensor de que o português falado no Brasil, deveria ser a língua principal da Lusófonia.Em defesa da sua teoria, alega que o português brasileiro abrange muitos mais leitores, devido ao número de habitantes por km2 que o Brasil possui.Isto é, esta teoria pode proporcionar um maior número de VENDAS, leitores e mercado " LITERÁRIO".

José Eduardo Agualusa, divide os seus afazeres entre Portugal ( um país minúsculo e com cerca de 10 milhões, que lhe proporciona estabilidade) Brasil ( um país enorme, com 169.799.170 habitantes) e Angola (população é de aproximadamente 10.500.000 habitantes, mas com imensas capacidades para ser aumentada, devido à sua grandiosidade). Para bom entendedor, meia palavra basta, sobre a tendência de Agualusa pelo Brasil.


José Eduardo Agualusa, talvez ainda não tenha aprendido, que os analfabetos, apesar de não saberem escrever, podem ser grandes POETAS POPULARES.A literatura portuguesa, está cheia de muitos e bons exemplos.Não vou colocar aqui nenhum desses exemplos, pelo simples facto de poder vir a ser considerada "medíocre" por alguém que apesar de poder ter mérito ( só o tempo o dirá, e em alguns casos, só após a morte do artista é que a sua obra é valorizada e reconhecida, devido à ausência que a sua pena, pincel, martelo etc, provoca no seu público alvo - Causa/Efeito).

Por outro lado, outras vozes e opiniões se levantam, contra José Eduardo Agualusa contestando a sua angolanidade, devido à repartição que o mesmo faz, entre Angola/Brasil/Portugal.Acusam-no, de a sua angolanidade só sobressair quando é para falar "mal de Angola" e que o mesmo vive distanciado da realidade quotidiana do seu país.

Acusam-no maliciosamente de ser um angolano de baixa categoria e sem moral e credibilidade para falar de Angola.

Também eu, faço parte desse grupo de angolanos que " só sabem falar mal de Angola".Porque AMO DEMAIS O MEU PAÍS, e alguém tem que fazer e representar o papel do CARRASCO.

Querer bem a alguém, seja ela pessoa, país ou objecto, não é quem que fala bem e bonito, veste bem de aparência, concorda com tudo, sem opinião própria.Querer bem a alguém, é ser frontal, é carregar os espinhos, é apontar e ajudar a sarar as feridas fétidas.Este querer, é uma tarefa árdua e difícil, talvez por ser assim, é que muitos preferem optar por falar " bem de Angola", dá menos trabalho, fica melhor na fotografia.

Mais tarde voltarei a este tema da "ANGOLANIDADE" de uns ( dos que estão dentro de Angola) e de outros ( e dos que estão fora).

Quanto ao escritor José Eduardo Agualusa, simplesmente direi, para o mesmo continuar a sua escrita, subir pelo seu próprio pé e mérito, deixar o tempo, os leitores e os críticos, considerar e julgar o que é melhor ou pior, bom ou mau.

Estar a considerar um escritor de "medíocre" é o mesmo que estar a chamar aos seus leitores e simpatizantes de maus leitores e outras coisas mais.Se fosse consigo, você e os seus leitores não gostariam de ser julgados e rotulados dessa forma.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bem,estou de pleno acordo.Tenho lido vários autores Angolanos e,Agualusa não me "matou a Sede"
Um abraço...