sábado, 8 de março de 2008

ELEIÇÕES SIM! DEMOCRACIA DE FACHADA NÃO!


Fonte: o apostolado

Por: Pe. Maurício A. Camuto, CSSP

O discurso do Presidente da República anunciando a realização
das eleições em Setembro de 2008 foi colhido com muito entusiasmo em Angola e no mundo. Está dado o tiro da largada. A separação das Legislativas das Presidenciais também parece colher algum consenso. Entretanto, a indicação de dois dias para o pleito já leva alguns a torcer o nariz, pois a noite parece ser má conselheira em matéria de escrutínios. Mas esta luz no fundo de um túnel de 16 anos (as primeiras e últimas eleições aconteceram em 1992) traz algumas sombras e apreensões. É certo que o registo eleitoral foi feito – era fundamental. O mês indicado, Setembro, um mês seco e sem chuvas, parece ser bom. Mas aos espíritos mais abertos e atentos preocupa o facto de não haver no Orçamento Geral do Estado para 2008 fundos destinados aos partidos políticos para levarem avante as suas campanhas. E isto num país onde a sede de um partido ocupa sempre os melhores edifícios das praças centrais das cidades e municípios. Uma situação que leva a supor que o partido no poder usará a máquina administrativa do país para fazer a sua campanha e os restantes partidos ficarão a ver navios, sem qualquer hipótese de concorrência e muito menos de vitória. Portanto o ponto de partida apresenta-se já ensombrado, porquanto os meios materiais são desiguais. Outros aspectos que ensombram a corrida ao pleito são as divisões e rixas partidárias, meios de comunicação e seus profissionais limitados ou manietados, intolerância política, armamento em posse de civis, etc.

Para que as eleições sejam livres e justas há que criar condições de igualdade de oportunidade para todos os partidos políticos, pois as vitórias dos Davides contra os Golias raramente (senão mesmo nunca) acontecem em política.
Aqui há que se salientar sobretudo a necessidade de uma pluralidade informativa – peça chave de uma democracia saudável. Neste domínio há que se investir ainda muito e com seriedade, sem receios ou medos de fantasmas. A justeza e credibilidade das eleições vai ter muito a ver com a pluralidade e seriedade dos meios de informação.


Como cidadão sinto-me feliz e entusiasmado com o anúncio das eleições, embora partilhe algumas apreensões e me preocupe com as condições reunidas para que elas mereçam o tão necessário título de “Livres e Justas”. Depois de tanto sofrimento os angolanos merecem uma VERDADEIRA DEMOCRACIA e não aquela de fachada com a qual nos temos acomodado.


Comentário: Penso que todos os cidadãos democráticos, terão as mesmas apreensões e sensibilidade que ao autor deste artigo demonstra, relativamente às eleições previstas para Angola.A desigualdade de meios e a máquina partidária à disposição do partido do poder, poderá condicionar " em muito " o verdadeiro "acto em si", e o alcance da democracia será uma utopia, uma vez que a concorrência será desigual, sem equidade nem equílibrio de forças.


Para os cidadãos cujos os valores democráticos ou os programas apresentados pelas forças partidárias, não sejam fundamentais para alcançar a "Democracia Plena e Justa", o importante será, a "Vitória Partidária", a continuidade do mesmo "estado de coisas", muda-se o papel de embrulho, mas o conteúdo vai continuar a ser o mesmo, com a agravante de puderem justificar que " foram eleitos por surfrágio do povo" como tal, a democracia "Venceu" mas não será "Plena".Foi atingida à custa das desigualdades, cujo o futuro da democracia, poderá ficar " hipotecado" e limitar-se a uma operação de "fachada", que em nada contribuirá para o futuro de Angola e dos angolanos.Ao contrário, da comunidade internacional de estrangeiros a operar e com interesses em Angola, sairão beneficiadas e reforçadas, onde os esquemas e lobbies dos mais fortes ditarão as suas regras, através do valor das quotas a pagar, aos que governam em nome de uma " democracia de fachada".A "gasosa" será substituída por um nome mais pomposo, mais democrático, tipo " taxas de negócios do colarinho branco".Onde será interdito ao povo o acesso, limitando-o através de penas e sanções, consideradas "crimes" com direito à "cadeia".

O povo, que optar por roubar um " kwanza ", será considerado "ladrão" perigoso para a sociedade e democracia.

Os democratas eleitos por surfrágio, se roubarem um "milhão de dólares", serão considerados "Barões", dignos defensores da sociedade e da democracia.Estão acima de qualquer suspeita e da própria lei.
A democracia, também arrasta este tipo de inconvenientes.Principalmente em países cujos os antecedentes assentam ou assentaram as suas bases na " corrupção e favorecimento de interesses"


Francamente e honestamente, não revejo nesta geração de políticos angolanos, capacidades para de um momento para o outro abdicarem de um sistema e de uma filosofia de vida e negócios que durante anos foi o seu ganha pão mais valioso com elevados lucros pessoais.


Acredito sim, que uma nova geração de políticos jovens, com vivências noutras democracias no exterior de Angola, consigam " um dia ", fazer de Angola um país democrático, minímamente " Livre e Justo"

Enquanto os velhos barões do "restelo", os tais vladmiros ébrios, existirem dentro dos quadros partidários, será muito difícil que as novas mentalidades e filosofias dos jovens políticos angolanos, consigam impôr-se, numa tentativa de mudança de mentalidades e democracia.

Angola tem gente capaz de injectar um novo "oxigénio" de ideias para alcançar a democracia.Gente, altamente qualificada, cujo a linha de pensamento deveria ser debatida e reflectida por todos os angolanos interessados no bem estar do seu país.

Gente, que pode debater e reflectir essa linha, no espaço : http://maisangola.wordpress.com/

" Temos gente, vontades, valor e ambição.Vamos construir a nossa estrela no universo dos Países Africanos.
Eu tenho uma ambição! E vocês?
Angola há-de inquietar, seduzir, cativar, prometer e cumprir!Seremos um País de referência no Mundo.
Vamos construir a nossa estrela no firmamento! "
( autor do espaço Mais Angola)

Angola precisa de gente qualificada com este nível.
Os angolanos não devem ter receio de debater e participar.

Angola, é para todos os angolanos e para todos aqueles que " a amam com defeitos e qualidades"


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